Opinión

Dino

Dino Pacio Lindin (1934-) é um galego excepcional, desafortunadamente pouco conhecido no seu país e bastante mais nos EEUU. Ali desenvolveu o mais importante do seu labor como sociólogo e docente inovador, com um ensino revolucionário e libertador, dedicado à integração dos mais desfavorecidos, os galegos e hispanos do baixo Manhatan de Nova Iorque. 

Eu escrevera dessa experiência na revista Irimia há quase 40 anos: “Solidaridad humana. Todos aprenden e todos ensinan” (4/12/1983). Um projecto de educação de adultos, que começava alfabetizando em inglês desde as suas línguas originais, para rematar alcançando um título técnico e mesmo universitário. Após a sua formação em Mondonhedo, Comillas, Roma, Friburgo... ser ordenado sacerdote e exercer a docência seis anos no seminário de Mondonhedo, Dino fora a EEUU em 1967 para completar estudos de sociologia em Harvard. No curso 1970-71, simultaneando o trabalho docente na Universidade de Rochester, começa outro com os hispanos, que em pouco tempo daria lugar a “Solidaridad Humana Incorporated”. Vinha a ser, com palavras de Dino: “Respostar aos berros do povo que diz: queremos estudar e medrar”; conseguiu apoio estatal, edifício e estruturas educativas estáveis. Mesmo chegou a receber em 1982 o Prémio Nacional de Universidades Comunais.

Não conheci Dino nos seus anos de Mondonhedo, mas depois, nos verãos em que vinha ao seu Ximil natal (Pastoriza-Lugo) e eu estava de cura em Lagoa. Tínhamos longas e ricas conversas ele, Carlos Reigosa, Primitivo Iglesias e mais eu na reitoral e caminhando pela Corda até o Cristo do Fiouco. Por aqueles anos escrevi para El Progreso um artigo de expressivo título: “A Corda, ¿un Macondo galego?” (29/06/1988). Dino falava dela como “um lugar válido para berrar por uma história social de Galiza”.

Como justa homenagem a este grande homem, vem de ver a luz Dino Pacio Lindín. O guía dunha vangarda cultural, um livro coordenado pelo professor Manuel Rivas, com colaborações dos antes citados, outros antigos alunos e debuxos de Siro. O livro achega muitos dados e vivências dum tempo em que todo semelhava estar mudando, pois “a resposta estava no vento”, como cantava Bob Dylan, a quem admirava Dino.

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