Opinión

Contra Amazon

Li recentemente que um exitoso escritor norte-americano, Dave Rogers, não queria vender os seus livros em Amazon, e falava da "perversidade da rede" pela maneira como esta nos controla e sabe quase tudo de nós. "Tentamos não vender o meu último livro em Amazon, e é muito difícil, porque estão em todas as partes. São como um polvo: a impressão, a distribuição... tudo está controlado por Amazon... Conseguimos vendê-lo a través de milheiros de pequenas livrarias; mas com isso consegues a metade do dinheiro do que vendendo-lhe a tua alma", (El País, 09/2022).

Os que me conhecem de há tempo sabem da minha velha teima contra as multinacionais. Essas empresas que se tenhem por "gigantes benfeitores" –e muitos assim o consideram–, mas que são realmente uns demos depredadores e perigosos. Perseguem a exploração de todo o mundo na sua área de produção e distribuição, e a cumulação máxima de ganâncias, eliminando a competência das empresas nacionais e os pequenos produtores e distribuidores. Os seus diretivos, operários e colaboradores são à vez cúmplices e vitimas delas.

Particularmente, tenho uma velha batalha contra Coca-Cola. A ela lhe dediquei um dos primeiros artigos nesta coluna: 'Coca-Cola, un símbolo de opresión'; quinze anos antes tinha-me causado um pequeno desgosto, ao ser o único artigo meu censurado no diário no qual colaborava com uma coluna fixa semanal, por temor a represálias da empresa. Tive que refazer o artigo e não quiseram pôr o título original ('Abaixo a Coca-Cola e Papá Noel!'). Dizia ali que "simboliza a opressão do imperialismo ianque, a globalização que destrói as culturas diferentes e as alternativas à pobreza gerada pelo capitalismo". Reafirmo-me no escrito.

Nos últimos tempos, uma das bestas emergentes da Apocalipse, que quer acabar com toda a competência, sobretudo as pequenas empresas de distribuição e ultimamente também de produção, é Amazon. Preocupa-me sobretudo a sua capacidade depredadora no bem-querido sector do livro. Levo tempo dizendo aos amigos/as que não merquem nada por esse meio, que ademais explota aos seus operários. Por isso me chamou a gratamente a atenção essa notícia de um autor de best sellers.

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