Opinión

O ano de ‘Nós’ e Carvalho?

Rematamos este malfadado 2020. Um ano que semelhava ia ser maravilhoso, mas que ao remate foi fatal para a economia, a política, a cultura e, sobre todo, para a vida da maioria da gente do planeta, que padeceram dum jeito ou de outro a nojenta pandemia. 

O ano semelhava ia ser maravilhoso pela cifra redonda e bonita. Mas em particular, na nossa cultura, porque era o ano do centenário da revista Nós e do nascimento de Nós Diario. Ademais, por fim!, a Real Academia dedicava o Dia das Letras a Carvalho Calero  no 110 aniversário do seu nascimento, após vinte anos de ser candidato. Um duplo aniversário que se prometia feliz e esperançado para os numerosos seguidores de Nós e de Carvalho, e particularmente ilusionante para os que levávamos anos aguardando um jornal diário em galego, que foi fiel cada dia à sua cita.

Eu começava O lubre com um artigo em que reconhecia que por Nós não só nós somos nós, mas eu também som eu, comprometido com esta terra e esta fala. A pandemia frustrou muitos dos projetos desse ano de Nós; como a exposição itinerante sobre a revista e geração, organizada pela Federação de Associações Culturais “Galiza Cultura”, que ia ir pelas capitais e vilas da Galiza acompanhada por singelas palestras minhas, e só pôde fazer-se em três. Sim foi adiante a magna exposição na Cidade da Cultura “Galicia, de Nós a nós”, que ainda amostrando uma valiosa documentação, resultava revolta, ademais de deturpar no seu título o genuíno nome de Galiza.

Ainda mais grave foi que o ano de Carvalho quedara fanado; sobre todo no aspecto docente e social, ao non poder realizar-se, com algumas exceções, mais que encontros virtuais. Porém, foi inútil o chamamento à Real Academia que fizemos pessoas, grupos e associações para que alongassem esse ano ao 2021. Esta escolheu outra personagem para as Letras; uma mulher bem acolhida e que já fora reivindicada vários anos, alguém que acalara as críticas: Xela Arias. “Para partirmos o coração” dizia uma das colegas desta página, pois nem celebramos bem a Carvalho nem o faremos com Xela.

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