Opinión

E agora com Afganistão

Falava na passada coluna da solidariedade com América Latina, que marcou uma época muito importante en movimentos solidários do nosso país; como o COSAL, os Comités Óscar Romero e outros. Sem esquecer esses povos, nos últimos anos a atualidade solidária vem marcada pela atenção a países de África e de Oriente, que sofrem injustiças brutais e precisam da nossa mão irmã. Finalmente, a consciência de formarmos parte duma irmandade universal chama agora pelo nosso compromisso solidário com o sofrido povo de Afganistão, sobretudo com as suas mulheres.

Sabemos que não toda a violência que está a padecer esse país é culpa dos talibãs, mas também do colonialismo e a presença rapinhenta de USA, Rússia e os países europeus; eles estão presentes ali mais por razões económicas e estratégicas que humanitárias, ainda que isto é o que dizem. Porém, o certo é que os mais débeis são os que mais padecem a injustiça e a violência; neste caso, as mulheres e as meninas. A violência dos talibãs contra elas é bem conhecida.

As mulheres livres em Ocidente dão-no-la a conhecer cada dia: repressão patriarcal por ser mulheres, repressão porque são propriedade do varão e não podem atuar sem ele, repressão porque não tenhem direito a estudar, trabalhar ou ter a mais mínima presença pública, castigos violentos por levar a cara descoberta ou as unhas pintadas, até a amputação e a lapidação, etc.

Como diz uma plegária jaina, que deveriam escutar os talibãs e todos os grupos violentos: “Essa pessoa que decidiste golpear ou matar, em realidade não é outra que tu mesmo... A violência é a raiz de todas as misérias do mundo”. 

Nós, que vivemos privilegiadamente num país em paz, apesar dos nossos problemas, deveremos ativar intensamente o nosso compromisso solidário. Compre, primeiro, acolher agarimosamente aquelas/es cuja vida periga especialmente, como estão a fazer concelhos galegos e europeos; é criminal qualquer voz em contra disto, como a de Vox. Mas também compre buscar formas de ação política internacional que mudem ali as coisas, e não com o novo envio de tropas armadas, inúteis ali durante décadas. 

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