Opinión

Situação nociva na CRTVG

Quando falamos de segurança e saúde no trabalho, focamos muito os fatores ligados ás condições físicas e ambientais, mas muito pouco os psicossociais. Numa empresa como a CRTVG na qual a avaliação psicossocial realizada no ano passado revelou unha situação nociva relativamente aos fatores participação/supervisão e compensação, deveríamos de nos preocupar mais com este aspeto fundamental para a saúde das pessoas trabalhadoras.

Sabemos que esta é unha questão que as direções das empresas não gostam de falar, porque tem a ver com a organização do trabalho, nomeadamente com a estrutura de mando e o estilo de o exercer.

No caso da CRTVG acrescenta-se o facto de ser um âmbito estratégico da atuação política, sobre o que o governo tenta assegurar o controlo, sendo assim que na designação do quadro diretivo e na atribuição de responsabilidades prevalecem os critérios de confiança política ou pessoal sobre o mérito e a capacidade profissional. Por consequência, acentua-se um funcionamento hierarquizado, que não deixa muito espaço para a iniciativa e a participação das trabalhadoras e trabalhadores, com a conseguinte desmotivação, insatisfação laboral e mal-estar geral no trabalho.

Embora este funcionamento tão vertical seja indesejável, sobretudo numa empresa pública, na situação extraordinária atual torna-se mesmo desajuizado, uma vez que a colaboração das pessoas trabalhadoras nas decisões que têm a ver com a sua saúde contribuiriam para uma maior segurança no trabalho. É por isso que precisamos ainda mais dum serviço de prevenção que aja com critérios técnicos, afastado da replicação de qualquer estrutura de mando mais propensa a obedecer ordens do que a proteger a saúde das trabalhadoras e trabalhadores.

É revelador ao respeito o acontecido nos dias prévios à declaração do estado de alarma. Enquanto a representação sindical reclamávamos o trabalho a distância como principal medida para evitar as aglomerações desnecessárias e minimizar o risco de infeção por SARS-CoV-2, colocando a proteção da saúde das pessoas trabalhadoras em primeiro termo, a direção da CRTVG adotava como primeiras medidas “a restrição de acesso a zonas sensíveis”,  “medidas de sectorização” e  o teletrabalho para uns poucos chefes coa finalidade principal de “manter o serviço público em funcionamento”.

Toda unha demostração da ordem de preocupações duma direção que agora, mais unha vez sem negociar, se apresa a pôr fim ao teletrabalho e a adaptação de jornada para a conciliação como medidas excecionais para a prevenção da COVID-19, impelida pelo poder político a reativar o aparelho administrativo e comunicacional com o olhar voltado para a convocatória eleitoral do dia 12 de julho.

Umas eleições que, não por temerárias deixam de ser mais unha ocasião para reclamarmos um outro modelo de meios públicos, de maneira a assegurar a sua independência e afiançar um quadro diretivo nomeado com critérios de profissionalismo. São medidas indispensáveis para o pessoal da CRTVG recuperar a motivação, o que por sua vez, contribuiria para a urgente tarefa de reconectar os meios públicos com as necessidades democráticas, sociais e culturais da Galiza.

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