Opinión

Declarações do papa Francisco sobre a homossexualidade

O pasado 21 de outubro, os mídia recolhem umas declarações do papa Francisco nas que se mostrou favorável a que possa haver uma lei de uniões civis para os homossexuais. "Os homossexuais têm direito a estar numa família. O que deve haver é uma lei de união civil, dessa maneira estão cobertos legalmente”. Sublinham os meios de comunicação e os comentaristas que, ainda que não fala de matrimônio, é um enorme passo muito valente na posição da igreja, que se contentou até o momento de falar da sua reeducação, e solucionava o problema com exercícios espirituais. 

O nosso objetivo neste artigo é precisar o alcanço que podem ter estas declarações do máximo hierarca católico, que tem um poder omnímodo sobre todos os demais, incluídos os próprios concílios. Este pronunciamento segue a outros relativos aos celibato clerical, que o papa Francisco decidiu aparcar ad calendas graecas depois de ter reconhecido que não há nenhum obstáculo em proceder à sua reforma por tratar-se dum tema propriamente eclesiástico e não dogmático, produzindo grande decepção nos sectores progressistas da igreja. O que temos que perguntar-nos é que credibilidade merece neste tema sobre o qual a Bíblia se pronuncia dum modo totalmente hostil e sem deixar margem para dúvida de nenhuma classe. 

Deixando para outra ocasião o pronunciamento do Antigo Testamento, imos cingir-nos ao misógino e misossexual Paulo de Tarso, que foi quem serviu de referência à doutrina sexual e reprodutiva do cristianismo. Foi o hagiógrafo neo-testamentário que tratou mais in extenso o tema da homossexualidade, e o seu posicionamento é claramente hostil e condenatório, tanto dos gays como das lesbianas, qualificando os atos homossexuais de concupiscências dos seus corações, imundícia, desonra dos seus corpos e paixões infames por ter obrado em contra da natureza humana, como se a misossexualidade não implicasse obrar em contra da natureza humana. Na Epístola aos Romanos, 1, 24-27, escrita no ano 60, diz dos gentios: “Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si; pois trocaram a verdade de Deus pola mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém. Polo que Deus os entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza; semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro”.

“Os homossexuais têm direito a estar numa família”, declarou o papa Francisco

A pena que lhe deve ser infligida é a morte segundo estabelece o veredito divino no Antigo Testamento. “os quais, conhecendo bem o decreto de Deus, que declara dignos de morte os que tais cousas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que as praticam”. O seu destino no mundo de além-túmulo é a condena eterna. “Não vos enganeis: nem os dissolutos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus”. Na I Epístola a Timóteo, 1, 10, pseudoepigráfica, do ano 100, declara o seu autor que a lei é boa se se usar bem, e não foi instituída para o justo senão para os prevaricadores e rebeldes, entre eles os  “dissolutos, os sodomitas, os roubadores de homens, os mentirosos, os perjuros, e para todo que for contrário à sã doutrina”. Com estes pronunciamento fica fixada com letras indeléveis e per saecula saeculorum uma doutrina profundamente homófoba que é incapaz de compreender e tolerar ao que tem outras opções sexuais, muito legítimos, por mais que não as compartilhemos.

O problema de Francisco é querer e não poder. Ele sabe bem que os seus contrários são os que melhor respeitam uns textos que ousam proclamar que estão inspirados por Deus. Com estas premissas é totalmente impossível realizar reforma nenhuma digna de tal nome na igreja e os hierarcas devem contentar-se com declarações altissonantes de cara á galeria, porque não são capazes de dar resposta ajeitadas aos problemas do mundo de hoje.

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