Opinión

A memória, esse capital simbólico

Num debate na canle de ámbito autonómico V Televisión Diego Gago, atual Presidente de Novas Xeracións de Galicia dixo umha cousa que nom pode aceitar nengumha pessoa que se mova numha órbita anti-fascista e democrática. Algo assim como que, a respeito da repressom fascista, “cada caso é singular, seguramente houvo casos injustos...” Umha afirmaçom que provocou a lógica indignaçom dos seus interlocutores.

Relativizar a repressom fascista é inaceitável, além de que, a argumentaçom do Diego Gago parte da premissa de que a açom repressiva dos fascistas continha algumha justiça ou perseguia fazer justiça, e que o problema dessa repressom é que na procura dessa justiça se cometiam “erros”. Vamos que se tratava de fazer justiça e às vezes os fascistas erravam.

Nem que dizer tem que essa relativizaçom o que pretende é umha justificaçom. Voltar a esse argumento de que, por muito que doesse, aquilo foi inevitável, ou, como dim alguns, “fazia falta”.

Para mim, anti-fascista convencido que jamais procurará pontos de encontro com doutrinas fascistas ou teses revisionistas, nom cabe a menor dúvida de que individualizar os casos de repressom é um absurdo. Nom pode haver justiça em práticas que derivam de atos ilegítimos, neste caso, de umha sublevaçom militar. A repressom brutal infligida polos fascistas contra milhons de pessoas no estado espanhol foi a vingança terrível contra um povo que nom só nom apoiou essa sublevaçom militar, mas que se levantou em armas contra ela.

Nom pode haver justiça em práticas que derivam de atos ilegítimos, neste caso, de umha sublevaçom militar

O do Diego Gago nom foi um desliz, nom foi um erro, nem foi umha frase sustraída do seu contexto. O contexto está claríssimo; um debate televisivo num momento concreto em que se tocava a memória histórica; umha questom incómoda para o Partido Popular. O problema nom é o Diego Calvo; o problema real é o PP e resulta insuportável já que no ano 2016 ainda nom condenasse o golpe de 36 e tudo o que veu depois. O Partido Popular nom condena e eu diria que nem sequer lamenta a repressom fascista. Matar o mensageiro pode ser umha boa puniçom para o Diego Gago, mas nom arranja o problema de fundo.

O do Diego Gago nom foi um desliz, nom foi um erro, nem foi umha frase sustraída do seu contexto

O problema de fundo é a memória como capital histórico, político, simbólico. Essa memória é a que nos fai compreender que chamar fascistas aos vultos do PP é mais do que umha desqualificaçom. É umha definiçom. Eles nom vam colocar aos pais, avós e bisavós no lugar dos carrascos e, naturalmente, nom lhe vam conceder aos seus inimigos de classe a condiçom de luitadores pola liberdade. Por passiva, trata-se de legitimar a Franco e a sua cohorte, já para sempre. Fechar feridas, chamam-lhe eles a isso...em realidade é perpetuar o incubo do fascismo para que sempre acabe ressurgindo. Franco foi mais um chefe de estado, um de tantos, “fai parte da história da Espanha” e é portanto natural que se lhe rendam honores de todo tipo, que se mantenham em pé as suas estátuas, que perdurem as suas condecoraçons e nomeamentos oficiais. Isso é o que pretendem que interioricem as geraçons do futuro.

A memória é essa arma que nos fai visualizar todo o processo de regressom em direitos e liberdades experimentado no estado espanhol nos nossos dias como um processo golpista. Por isso a memória é importante. E a memória é a que nos fai identificar ao Diego Gago como um fascista que milita num partido fascista. Por isso a memória é perigosa para eles.

Por isso também tenho afirmado muitas vezes, que a memória nom pode ser gerida apenas polas instituçons. É a nossa ferramenta mais poderosa para constroirmos um futuro melhor.

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