Opinión

Partido único?

Se os oráculos dos inquéritos eleitorais se fazem realidade, semelha como se caminhássemos albiscando no horizonte o partido único. O argumento do Sr. Feijoo, sobre o seu desejo de revalidar mandato, de que o melhor é um Governo unitário e maioritário é uma falácia, especialmente se a Cámara de representantes é igualmente de maioria governamental, e mais em países como este no que a opinião do discrepante é ignorada ou ridiculizada. As maiorias absolutas são perigosas pois o Governo tomará os acordos por unanimidade e baixo o seu critério, que serão referendados na Cámara por maioria e, como resulta habitual, sem valorar as opiniões da oposição. Da certeza temos exemplos abondo na casa, nestes onze anos de maioria parlamentar do PP, e de começos similares, com resultados muito mais desastrosos, temos exemplos na própria Europa.

Um governo com sensibilidades diferentes exige analise entre os membros para atemperar as opiniões ou discrepáncias que podam surgir; ou um Governo sem maioria na Cámara de representantes pode ver melhoradas, aceitadas ou rejeitadas as suas propostas na análise que façam os grupos da oposição. Um Governo maioritario com Parlamento igualmente do seu partido é o mais próximo a uma ditadura, pois as protestas da oposição ficam na irreleváncia e ineficácia. E só os movimentos ou protestas populares, geralmente de transcendéncia nula ou insignificantes, manteriam a aparéncia de democracia, mentres não se ditem leis mordaça e similares que legal e democraticamente recortem os direitos da cidadania. Voltaríamos à epígrafe franquista de “una pátria, un estado, un caudillo”.

Gostaria de escutar psicólogos e sociólogos que demoradamente analisassem as causas pelas que um povo com uma das rendas mais baixas do Estado vote numa importante maioria á Direita. Lembro uma vinheta de Gogué na que uma camponesa, foucinho em mão e cortando ervas, perguntava ao home que sachava na terra “e nos por que votamos a Direita?”. O de que votam os idosos, neste país envelhecido, tem pouco sentido, pois a história de (in)atenção a dependentes e moradores em residências de maiores não é como para outorgar-lhe confiança por outros quatro anos. Tampouco seria o caciquismo, ainda que sim, como determinante de uma maioria. Pode influir mais a propaganda, a desinformação e a incultura, que planifica o PP aqui e fora, como recurso de alienação, que não é invenção dele senão que vem de antigo; mas o pessoal sofre realmente os recortes o emprego em precário, a pobreza, a deficiente escolarização e a decrescente sanidade... e algo deveria pensar..

O panorama que se nos apresenta é certamente (e penso que não exagero) apocalíptico. Se a onze anos de perda de falantes na língua própria do país, de maltrato da fala no Governo, na legislação, na Administração, na escola, etc. acrescentamos outros quatro mais, podemos dar por feito um lingüicidio importante, dificilmente recuperável. A perda de identidade da Galiza aparece no horizonte mais próximo e imediato ao continuar governada por uma direita dependente do centralismo, submissa e entregada no que a políticas sociais e económicas se refere, antigalega, inimiga da identidade e elementos identitários da Galiza, indiferente à sua dignidade como país e incluso à sua própria dignidade (de eles) como regedores.

Nunca pensei que algum dia poderia fazer mínima menção positiva a Fraga Iribarne, mas o certo é que relativamente ou comparativamente podemos conceder-lhe algum mérito. Levava por diante a dignidade e a identidade de Galiza porque isso também, na sua vaidade, o engrandecia a ele: Sentia-se orgulhosamente chefe de um país autónomo; e por isso nalguma ocasião plantou cara a Madrid, ainda que rematasse passando polo aro. Feijoo e os seus acólitos não tenhem essa categoria; nem reconhecem a identidade do país, nem dignificam as suas particularidades, e eles mesmos assumem o estigma do colonizado e submissão ao colonizador; e faz dano, já não por torpes, senão em benefício dos seus principais.

Se somos tão parvos que fazemos bons os inquéritos, menudo panorama!

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