Opinión

Oh, la, la, que família tão original (III)

Por duas vezes o povo espanhol expulsa a regente Mª Cristina Borbón-Dúas Sicilias e com total falta de critério e imaginação os políticos decidiram adiantar a maioria de idade de sua filha Isabel II, de só 13 anos de idade, e entronizá-la como rainha. A nova monarca criou-se sem ambiente familiar nem carinho de mãe, sem educação adequada (só doméstica, religiosa e o estudo do piano) nem preparação política para ser rainha; simples, temperamental, sem urbanidade e de escassas qualidades intelectuais, em mãos de preceptores que a iniciaram nas suas habilidades sexuais e princípios amorosos, desflorada por um deles, Salustiano Olózoga, consequência da sua ardente sensualidade, herdada da sua mãe.

Tratou-se um rápido matrimonio, no que se conjugavam interesses políticos, fazendo-o por imposição da mãe e de uma monja tenebrosa e de influencia nefasta de por vida, sor Patrocínio, com Francisco de Asis de Borbón, politicamente inócuo, homem mais não fanático, e em contra da vontade de Isabel que quando lhe comunicaram o nome do elegido exclamou "No, com Paquita no", e na véspera do enlace, com apenas 16 anos, diz-lhe à sua mãe, "he cedido como reina pero no como mujer..."; os cônjuges detestaram-se sem recato toda a vida, Francisco de Asis homossexual e Isabel com uma escandalosa afecção polos homens. Diz-se que o primeiro amante oficial foi o general Serrano e a seguir uma interminável sucessão de amantes de todo tipo, conhecidos uns e desconhecidos outros, identificados mais de 16 entre cantantes, compositores, políticos, militares, ministros, nobres e de menor pelo, o mesmo O' Donnell (de apaixonado enamoramento, finalizado pola sua política liberal), que chegaram a procriar ou não, pois a rainha, entre 1849 e 1866 teve dez partos e dois abortos; e dos filhos sabe-se que Isabel Francisca de Asís, La Chata ou Araneja, era filha do capitão José Mª Arana, que Alfonso, depois Alfonso XII, era filho do capitão de engenheiros Enrique Puig Moltó (Isabel um dia falando com seu filho sei que lhe dixo "hijo mio, la única sangre Borbón que corre por tus venas es la mía") e o resto doutras pessoas identificadas ou desconhecidas.

Isabel vivia numa festa contínua, deitava-se às cinco da manha e acordava às três da tarde. Francisco de Asís Borbón fazia a sua vida com o amigo de sempre, procurava incluso residir fora do Palácio Real e como bom Borbón cobrava por todo, incluso polo depreciável acto de reconhecimento e apresentação dos filhos de Isabel como próprios a cambio de um milhão de reais por cada um.

Ambos andavam em coplas, o de Asís era intrigante e ma pessoa e a rainha descreve-a o historiador José Luis Comellas como "desenvuelta, castiza, plena de espontaneidad y majeza, en la que el humor y el rasgo amable se mezclan com la ordinariez, apasionada por la España cuya secular corona ceñia y también por sus amantes"; Valle Inclán em La Corte de los Milagros, dá outra imagem menos amável. Gustavo Adolfo e Valeriano Bécquer, assinaram a obra Los Borbones em pelotas com 107 aquarelas de amplio contido satírico e pornográfico. Pouco podemos dizer da sua obra de governo pois constantemente esteve em mãos de favoritos, políticos, validos e espadões e muito mal aconselhada pola sua mãe e pola monja já mencionada e seu confessor. A corrupção o empobrecimento e o descontento levaram a varias insurreçãos e algaradas com períodos de certa calma política, até que o 18 de setembro de 1868 a Armada, em Cadiz, pronuncia-se ao berro de "Abajo los Borbones", sendo destronada Isabel II que parte para o exilio, baixo o amparo de Napoleón III, instalando-se no parisino Palacio de Castilla, da sua propriedade. Isabel cobrava tributo pola trata de escravos; foi colecionista de joias, amante de vestidos e leques, gastou parte do orçamento da Coroa na compra de pulseiras, diademas e colares, foi cliente dos gemólogos europeus mais afamados, encarregou os desenhos mais aparatosos com pedras engastadas, sempre de grande tamanho. A única "joya de la corona española" sua que se conserva é uma tiara de diamantes e perlas. Seguiu a tradição familiar de esquilmar o patrimônio espanhol.

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