Opinión

Feijoo e o país das marabillas

Véspera de eleições trato de evadir-me da ansiedade e preocupação, escrevendo sobre algo alheio á apolítica e ao futuro de esta negada nação. Não se me ocorre nada divertido ou simplesmente entretido. Como recurso rememorizo sensações da minha longa viagem, de mais de dez dias, com motivo das férias de Páscoa, com ponto final e início de regresso em Donostia. Rememoro o caminho da primeira etapa, Vigo-Benavente e já detecto que não vai ser nem pacífica nem entretida esta minha alternativa da escrita fronte á preocupação do futuro. Pois as imagens que me vinham som as de terras abandonadas, silveiras, térreos ermos, restos de incêndios, escassas parcelas de pasteiras e aldeias de casas pobres ou derruídas; baixo o Padornelo anoitecendo.

No seu momento, e agora, não me podo evadirem do “Pais das Maravilhas” que vivi há poucos dias com motivo de um convite que me propuseram do jornal “La Región” para assistir a um almorço conferencia de Nuñez Feijoo, sim, o Presidente da Xunta, no Foro La Región. O contido da conferencia não pudo ser mais fantástico nem cínico. Alicia no seu Pais das Maravilhas estou certo que não pudo contemplar tanta beleza e felicidade como a que nos transmitiu no seu parlamento o presidente de governo de esta negada nação (submissa do Reino de Espanha com monarquia (re)instaurada no franquismo). Vem a conto porque uma das cousas de que falou em grandeza foi do nosso campo e agricultura; depois de desgranar portentos da nossa industria, da nossa pesca, da nossa economia, do ensino e da sanidade, em politica social, com greves e protestas a cotio que desmentiam publica e noticiosamente todo o que ali falava e alardeava. Não sou home do campo mas minha relação com ele foi constante desde meu nascimento (numa aldeia de Viana do Bolo) até hoje em que diariamente me desloco a uma finca perto de Ourense (a Quinta do Limoeiro, mais bem um quintal) por desfrutar ali de minha soidade, ver se caiu alguma pedra dos muros, confirmar que não há goteiras na casa, revisar uma parte da minha biblioteca ali depositada, dedicar algum tempo á leitura e ver como florescem os árvores, frutais todos, na primavera, alem de procurar cortas de rastrojos em todas as fincas que constituíram a importante empresa agrícola-gandeira de meu avo, hoje a ermo, para prever incêndios, polo que levo no fondo de meu sentimento a lembrança de aquele povo cheio de gente e de miúdos que ali escolavam, os trabalhos agrícolas nas suas épocas, as festas e diversões... todo hoje desaparecido, só ficam poucas casas abertas, alguns velhos tomando o sol, as terras a ermo ou, ainda pior, cheias de silveiras, fentos, tojos, gestas e restos florestais ou algum castanheiro antigo; senti nojo e carragem do cinismo, da mentira sobre um povo que esmorece e não só no seu rural, de que se houvera cortado o abrente para o rural que anunciavam as medidas tomadas no seu dia polo BNG (Suarez Canal) e daquela não pudem por menos que manifestar a um companheiro de mesa, militante e cargo do PP, porque não convidava a seu chefe a um passeio polo seu concelho de Esgos e polo meu, limítrofe, de Pereiro de Aguiar, sumándo-se ao comentário outro companheiro de mesa para dizer que também podia ir a seu concelho, igualmente limítrofe, de Junqueira de Espadanhedo; o interpelado tinha presa e teve que sair.

De manhá, saindo de Benavente, vim campos cultivados em todo o transcurso por terra de Leão e Castela, dilatadas terras até o horizonte de um verde amante, como pudem comprovar igualmente ao chegar a Euskadi com cultivos diversos e cuidada atenção á tradicional vivenda de cada lugar e de regresso por Cantabria e Asturias, ainda aqui com vestígios de anteriores incêndios no monte. Não podo esquecer que já na viagem como agora que escrevo estes recordes senti carrage ao vir-me á memória os últimos dados que havia consultado do anunciado “mandato da lexislatura rural” que nos vendeu o Sr. Nuñez Feijoo e que em resumo consistiam em que deixou de executar desde o inicio mais de 305 milhões de partidas que correspondiam a programas para desenvolvimento rural e assento de povoação, em que se perderem perto de 20.000 pessoas ocupadas desde 2.009 e 13.517 habitantes alem de 220.000 pessoas menores de 40 anos que emigrarem. Assentamento povoacional ou ajudas á vivenda totalmente esquecidos póla Xunta que, em concreto, o orçamento para apoio ao aluguer da vivenda só foi executado no 1’5%.

Há muitos anos, no inicio de esta escasa autonomia, por um importante persoeiro do PP se me comentava que teríamos que mudar totalmente a nossa economia em função das novas circunstancias e nossa integração em Europa, passando a ser uma economia do sector primário ou agrícola e gandeira a um sector econômico terciário ou de serviços. Pensei que era uma boutade, mas agora comprovo como paseninhamente vão fundido nossa riqueza agrícola e florestal (a não ser a submetida a interesses de empresas de fora, como com o eucalipto) como fundiram o peixe ou os estaleiros ou a nossa própria relação viária com o resto de Europa.

Em Donostia chamou-me a atenção como se escuta falar em euskera. Gentes do comum; podo lembrar particularmente uma parelha nova com quatro filhos, de aparente crase media alta, que falavam entre eles todos euskera, exceto o mais pequeno que ainda ia em cadeirinha e não falava. Também um grupo de 30 ou 40 nenos de primaria, possivelmente excursão de um Colégio infantil, que atendiam as instruções do monitor e falavam entre eles em euskera; alem de outras conversas na própria rua e nos estabelecimentos de pintxos tanto típicos em todo Euskadi, e todo sem que o castelhano perde-se protagonismo no falar social. Na radio saem também com frequência emissoras na língua e música de Euskadi, que contrastava com a oficial de aquí, “Radio Galega Música”, que retransmite no seu 75 ou 80% música espanhola Escutei falar mais euskera em Donosti que galego em Ribadeo, onde cheguei dias mais tarde. E incluso eu, que não sou de bandeiras, teve que escachar a rir quando num parque de Donostia, (penso que se chama “de Guipuzkoa”), chantado no médio do parque um mastro com a ikurrinha; nem tanto alto o mastro nem tanto grande a bandeira como a roja y gualda da Praza de Colon, mas proclamando a todo visitante que ali mandava Euskadi, como nos veículos da policia, que tenhem matrícula própria, ou como na Cámara Municipal de Donostia que no balcão principal ondeia só a bandeira de Donostia e rente ao chão as bandeiras oficiais de obrigado cumprimento.

A verdade, pensava escrever algo para distrairme e resultou mais negro que se pensara na próxima segunda feira.

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