Opinión

Explique-se Sr. Feijoo

Ao parecer no Parlamento galego vai-se tratar, não é sem tempo a lamentável e dramática desfeita das Caixas de Aforros galegas.

Gostaria, Sr. Feijoo, que explicara como, incluindo seu programa nas eleições do 1999 (nas que obteve maioria absoluta) a promessa duma reforma legal que reforça-se a independência e compromisso social das Caixas de Aforros, apontando que as decisões sobre possíveis fusões deveriam ficar condicionadas por critérios técnicos e profissionais, decididos por órgãos de governo independentes. Isso dizia, por que numa reunião meio misteriosa do Governo saído das eleições mencionadas, o 30.12.09 autorizou o pago de 1.03 milhões de euros á consultora KPMG correspondente a um diagnóstico preliminar que estava realizando sobre a viabilidade da fusão das Caixas de Aforros, desertando da sua promessa programática e abandonando assim o projeto de Fraga que no 1993 falava da possibilidade de criar um grande banco público galego?; no mesmo Conselho derrogou o plano de normalização da língua galega aprovado na época de Fraga. O filho não matava ao pai, matava a Galiza.

Os tempos e as opiniões prévios á fusão não foram pacíficos. Por determinação sua, Caixanova e Caixa Galicia encarregaram cada uma informes a entidades independentes sobre a viabilidade da fusão sendo positivo o de Caixa Galicia e negativo o de Caixanova; houve também um estudo da Conselheria de Fazenda, ambíguo. Caixanova e praticamente todo o poder financeiro a ela ligado por território, por negócios ou por relação clientelar, assim como os estudos de viabilidade, sabe Sr. Feijoo que foram contrários á fusão. Vigo manifestou-se. Mas vd., Sr. Feijoo, soube manobrar: principiaram as suspeitosas deserções no campo de Caixanova, como o presidente da Cámara de Comercio de Vigo, Sr. Garcia Costas e o da CEP Sr. Alvariño, veto a Caixanova para tomar suas próprias decisões, também concessões aos seus diretivos, a reiteração na existência do informe de KPGM, pagado póla Xunta, sobre auditoria e viabilidade da fusão, que Vd. e sua conselheira de Economia qualificavam como a auditoria pautada póla Xunta com as Caixas para despejar qualquer dúvida sobre a solvência da fusão, e incluso o 20.01.10 a Xunta apresenta um resumo do que, segurou, era a auditoria externa encarregada póla Xunta a KPGM "que avala a solvência da fusão". Ninguem viu o informe original, só resumos ou interpretações. Foi um ano escaso de presões, chamadas á emotividade da terra, "solvência e galeguidade", mas esquecendo que Caixa Galicia rosava a insolvência e que Caixanova tinha graves problemas, ainda que salváveis. Deve explicar.

Até, Sr. Feijoo, que em março do 2010 conseguiu doblegar a vontade de Caixanova e no verão chegou o grande dia e na sua residência oficial, com sorrisos e parafernália de pena histórica e salvador da pátria, anunciou-se a tanto ansiada fusão que se consumaria em novembro. O final o conhecemos. A fusão das Caixas de Aforros galegas deveu ser a única que rematou com seus protagonistas em prisão, ainda que principalmente os diretivos da caixa do sur, mas com retiros e indemnizações astronômicas e com o espólio do sistema financeiro galego. Algo que dizer Sr. Feijoo? Sr. Feijoo, sejamos sérios, apadrinhou e forçou a mal parada fusão. Impediu durante anos a investigação parlamentar sobre o sucedido negando documentos, incluído o informe de KPGM, que agora o TSXG obriga-o a entregar; informe que resulta que não é uma auditoria e muito menos um aval á fusão. Conhecia inicialmente que Caixa Galicia era um fardo que só levaria ao afundimento da Caixanova, com forças mermadas; e ainda assim forçou a fusão e logo pretendeu ocultar durante anos a realidade do informe de KPGM que não aconselhava a fusão.

A vezes a verdade sabe-se e floresce. A Audiência Nacional, Sá do Penal, no seu Auto de 01.10.20 manifesta que "a única ração póla que o FROB interviu foi póla situação econômico-financeira na que se topava em 2010 Caixa Galicia antes de que se produzira a fusão" e que "Caixanova nunca haveria sido intervida se não se houvera visto obrigada a fusionar-se com CaixaGalicia". O engendro, Novagalicia, nem era solvente nem era galega, era só o malogrado invento financeiro de um arrogante Feijoo. Reconheça, explique, desculpe-se ou saía por pernas como fizo seu elegido último diretor de NGB José Mª Castellano.

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