Opinión

Donantes e chupantes

De algum jeito me reconciliaram com a humanidade todas as amostras de generosidade por parte de entidades e particulares que realizaram determinadas achegas, tanto económicas como em produtos ou renúncia de direitos, para ajudar na luita contra o coronavírus e suas consequências. Inda que em ocasiões interessadas para obter alguma vantagem fiscal, publicitaria ou de outro modo, em todo o caso generosidade que contribuía na obtenção de médios ou produtos necessários para enfrentar o vírus. E muitos outros, maioritariamente anónimos, que, com uma humanidade que nos reconforta, entregavam o melhor de si ou renunciavam á sua comodidade em benefício da população em general ou de alguma família ou pessoas em concreto. Solidários dos que desconhecemos maioritariamente nomes e factos e que provavelmente ficaram esquecidos ao final de este período, anonimato do que deveríamos saca-los.

Também desconhecidos em grande parte os sórdidos, ruins, egoístas que, com total desprecio à dor alheia, não tiveram inconveniente em roubar, estafar, enganar. Outra vertente da condição humana para os que sim exigimos sejam castigados com o máximo rigor e publicar, para conhecimento geral, nomes, motivos e causas.

Senti curiosidade por saber em que medida haviam contribuído nossos políticos, a nível pessoal, e o mais chamativo foi que nem renunciaram a parte das suas retribuições e inda havia os que seguiam cobrando dietas de deslocamento sem que houvesse atividade parlamentaria ou residindo em Madrid. Assim o conceito que a cidadania tem da classe política que vai ao seu.

Restava-me outra curiosidade. Como respondeu a Monarquia, a Família Real às necessidades da sociedade? (que, como os anteriores, vive da contribuição dos cidadãos). Comecei a buscar na escassa hemeroteca de que disponho com o convencimento de que, se bem os Borbóns nunca se distinguiram polo seu amor ao povo, quem doava 65 milhões de euros a uma amante e um milhão e tal a outra tinha que realizar um donativo economicamente importante para contribuir a mitigar todas as penúrias de seus súbditos. Foi bastante decepcionante. No El Pais digital topo um vídeo no que os Reis de Espanha felicitam o aniversario á rainha Margarita de Dinamarca, Em Diez Minutos que a irmã do rei Felipe VI, com máscara e luvas recorreu com sua mascota os arredores da sua casa em Madrid. Também Diez Minutos, que dona Letizia se interessa por como vivem as mulheres do coletivo cigano na crise do coronavirus. Em Semana que a Casa Real extrema as medidas de seguridade para proteger o Palacio do coronavirus”. No mesmo semanal a mensagem de ânimo de Leonor e Sofia, simples notoriedade; e também que a Casa Real cancela a agenda real e não viajarão. Mais notícias nos jornais de que os reis saem da Zarzuela para estar com os trabalhadores do 112, outro de que “o rei visitou Ifema, numa das sus escassíssimas saídas, mas a rainha atende sua agenda sempre de jeito telemático”. Do resto nada, nem “pataco”, só publicitarias aparições na TV; de aquela comparecência televisiva do 18.04 verbo do andacio deveu ficar escaldado para não recair na tentação de “comparecer” pois inda que teve máxima audiência rematou com uma caçoulada, porque os espanhóis aguardavam que falasse não do coronavírus, do que nos falam abundantemente políticos, opinantes e cientistas, senão da insolidariedade da monarquia, dos dinheiros injustificados e injustificáveis no estrangeiro, dos negócios ocultos, das dádivas a amantes e da sua perigosa amizade com a extrema direita. A Monarquia que tanto ausente estivo quando as políticas neoliberais de seus governos fabricavam pobres, que atua como um vulgar comissionista, incluso levando num maletim seu máximo representante, fisicamente, os bilhetes a entidades bancarias do estrangeiro, pode viver ricamente e fazer doações a amantes, mas não ao povo que sofre crises económicas das que não se repuxo e agora andacios. Bom, de lealdade mau, já traiu no seu dia os saharauis. O povo a valora no que merece.

Inda me conturbou mais, comparativamente, a notícia de que, às avessas, um príncipe dos Emirados Árabes doou a Espanha 1 milhão de máscaras e mais 1,5 milhões de luvas.

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