Opinión

Contraste

O Borbón II seica defraudou a muitos no seu discurso de Natal. A mim nem fu nem fa. Nada interessante agardava e nem o escutei. Mas por curiosidade que por outra cousa lei parte da mensagem que a Reina de Grão Bretanha vai dar a seus vassalos em Fim de Ano. Foi então quando assim, por acima (sem meterme na barafusta do discurso de Natal) busquei zonas de confluência ou dissonância entre ambos discursos.

Não conheço as reações dos ingleses ao discurso da sua reina, mas sim as que o Borbón II provocou entre uma parte da cidadania (ou de seus representantes) do Estado espanhol. Desculparia que entre os problemas que enumera como pendentes em este seu reino faltem bastantes de enorme importância, mais que outros que enumera (p. ex. a violência machista e a violação de direitos humanos, esta reiteradamente denunciada póla ONU e polo TXUE), pois sempre na enumeração algo podemos esquencer (responsabilidade na listagem e na ausência da que eu responsabilizo aos amanuenses e conselheiros redatores do discurso). O que realmente não tem desculpa é ignorar os anseios de uma parte importante da cidadania, aos que só se refere para considerar a existência de uma diversidade territorial (que não especificou se era geográfica, econômica, linguística ou política). O monarca segue a defender o seu e tampouco nos pode parecer mal, a culpa é dos que defendem seu empoleiramento; sem Catalunya, Euskadi e Galiza seria menos rei e o salário também se reduziria. Aquela família real borbónica no seu dia perdeu todos os territórios que formavam parte da monarquia e tem medo que agora se repita e tenha cada vez menos sobre quem reinar. Ele segue a defender a indissolúvel unidade nacional “la solidez del Estado”, e para ele Catalunya é um problema, uma seria preocupação, essa Catalunya tanto querida para sua filha, a herdeira, no discurso como princesa de Girona. Como lhe retrucarom desde o PNV de que “não deixa nada para os que não se sentem identificados com o modelo de Estado que ele ensalza e que tenhem outra visão do Estado e que som vários milhões em Catalunya, em Euskadi e alguns na Galiza”. O que resulta preocupante, como manifesta Torrent, é uma monarquia que vê a Catalunya como uma preocupação sendo o mais preocupante que o Estado não saiba dar resposta ao conflito catalã, preocupação que o Vice-presidente de ANC dí que é de Catalunya porque se vulneram os direitos fundamentais e para que se respeite o direito a ser soberanos e independentes; porque certamente, como dí Torra é Espanha a que constitui uma seria preocupação para Europa.

Depois estão os ultramontanos, os perigosos carpètovetónicos que aplaudem as restrição de direitos que defende o seu rei, incluso o sempre vacilante PSOE que no comentário ao discurso aporta por “afrontar juntos los desafios que tiene la sociedad española, entre ellos el problema de Cataluña” e ficam tão tranquilos e amanha vão negociar com ERC.

Um sintoma do cansaço de esta sociedade com o que poda dizer seu rei é que neste discurso os espectadores foram 400.000 menos que no anterior. Sumo-me ao comentário de Rufian: “si no te gusta el discurso del Rey, pues no le votes mas”, ou aquele meme no que aparece o Borbón no seu discurso com o juiz Llaneras no regazo. Também num artigo antigo já o disso Suso Del Toro: “o desastre atual tem que ver com as chefaturas de Estado de Juan Carlos e Felipe”.

Ah! Já me esquencia. O contraste. Pós bem a monarca Britânica, mais reina que todos os outros reis e rainhas juntas, no seu discurso, chama á “reconciliação” depois de todos os problemas que levou o ano do Brexit e insiste em que “os pequenos passos que se dão com Fe e esperança podem superar diferencias antigas e divisões profundamente arraigadas para trazer harmonia e compreensão”

Não di que Escócia ou Gales sejam um problema, ainda que, como Catalunya, tratem de conseguir sua soberania.

Sempre houvo diferenças.

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