Opinión

Certezas

Há mais de cuarenta anos a UPG editou, e repartiu, um cartaz que reproduzia o retrato que a Castelao fizera Maside e que desde aquela preside meu escritorio. O cartaz tem uma lenda do proprio Castelao: “Petar na alma do pobo até producir um estado de opinión revolucionaria”. Meus maiores, politicamente, pois provavelmente eram todos mais novos em idade, insinaron-me que nós tinhamos que ser a forza transformadora de um povo colonizado e expoliado, de recuperar a identidade, de fazer comúm o uso do idioma. E nesa luita me inserím, com todos os atrancos sociais, profesionais e económicos que supunha.

Agora alguns de aqueles “meus maiores” pregoam que temos que acadar alianças para que o povo nos dea votos, sempre partilhados com os “aliados”. E eu, que sigo na teima inicial, penso que a missão como nacionalista é “producir um estado de opinión revolucionaria”, é transformar a sociedade, é dignificar os sinais de identidade do meu povo, é recuperar a fala; e de não ser assim qualquera outro esforzo considero-o inutil; as vozes de sereia (duas) de confluencias não me engaiolam; vou seguir meu rumo, o que levei sempre e polo que aturei, com companheiros que pensavam como eu e que alguns mudárom de ideia, uma longa travessia do deserto nos anos da ditadura e nos posteriores da mal chamada democracia; e naqueles anos em que fomos capazes de achegar ao povo a nossa (e dele) verdade.

A missão como nacionalista é “producir um estado de opinión revolucionaria”, é transformar a sociedade, é dignificar os sinais de identidade do meu povo

Para o nacionalismo as confluencias com partidos ou movementos políticos estatais nunca forom boas, porque existe um matiz insalvável que é a soberania do povo. Todos os galeguistas que se integrarom no PSOE ou no PP fizerom o ridículo como tales galeguistas, outra cousa som os réditos e proveito pessoal que houveram tirado; partilhar governos municipais com PSOE não sempre é pacífico, ainda que neses casos cada um mostra seus apoios eleitorais.

Para não marear (nunca melhor dito) mais sobre vantaxes (que, de ser só vantaxes, eu rejeito) voltemos a vista ao processo no que se vem aqueles que marcharom alegremente, deixando a casa comum e pactando com alheios, nas promessas incumpridas e nas atitudes prepotentes, ou na gaiola de grilos que tem armado algúm dos partidos integrantes ou o postergamento das questões identitárias.

Todos os galeguistas que se integrarom no PSOE ou no PP fizerom o ridículo como tales galeguistas, outra cousa som os réditos e proveito pessoal que houveram tirado

A estas alturas e visto o visto, não parece, nem por estratégia nem por táctica, inteligente renovar ou integrar alianças e muito menos se pensamos que o mais provável será repetir as eleições (os deostados catalans resolverom melhor seu problema) e que um ponto que pode ser conveniente para o PP é fazer coincidir as do Estado com as Autonómicas, nas que Galiza ficaria mais prejudicada e o nacionalismo muito mais diluído. Somos quem somos: soberanistas e se crêmos em nós temos que ser o pau que aguante essa vela. E dar a batalha; nós; e se perdemos, tentá-lo de novo.

Quinta do Limoeiro, Fevereiro de 2016

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