Opinión

2017-18

Fica rematado o oitavo ano da crise e, com o começo do derradeiro biénio, compre parar e pensar um pouco quanto tem mudado a sociedade e a política que vivemos no dia a dia desde o seu começo. Para fazer isto e bom botar uma olhada ao pensado e ao posto por escrito no passado, e assim situar nos a hora de falar.

Em Março de 2009 escrevia um artigo que titulava “A Crise” e, ides permitir que entre-saque duas frases do mesmo antes de entrar em matéria:

“A xente busca saídas á situación actual e daralle posibilidades á esquerda, pero se esta fracasa, se ao final fai o mesmo que a dereita, será o fascismo coas súas medidas de brutalidade policial e racismo o que se implante na sociedade, criando un inimigo imaxinario e culpábel ao que hai que combater para que todo volva a ser como era.

Nos próximos meses, mesmo anos, imos ver continuas crises e rexeneracións de partidos e sindicatos que non van ser máis que maquillaxes do existente, pero tamén é posíbel que vexamos a aparición de modelos organizativos alternativos; nestes últimos é onde están as nosas posibilidades de éxito, aínda que moitos deles fracasen a curto prazo, pois como xa dixen a folla de ruta non está escrita e o que é peor: ninguén é quen de escribila.”

Vão aló oito anos nos que se passou de considerar cativo um salário de 1.000 euros/mês a considerar esses mesmo 1.000 euros uma “sorte” que compre conservar. Passou-se de andar pela vida com gasolina no corpo a ter mono da gasolina. Também pode ser que sejamos 8 anos mais velhos e, pelo tanto, a perspectiva seja distinta, mas o que sim é certo é que a crise do 2008 viu para quedar e há indicadores que nos dizem que o pior esta por chegar. O pior entre outras coisas é a revisão das “pensións” porque nos goste ou não as actuais “pensións” queda lhes um ano de vida.

Também pode ser que sejamos 8 anos mais velhos e, pelo tanto, a perspectiva seja distinta

No 2017 remata o fundo de reserva o que significa que rematam os aforros e, uma vez rematados os aforros, o que compre e definir se o dinheiro necessário para completar o seu pago o vão pôr acima da mesa os avós, os filhos ou os netos. Porque sejamos sinceros, isso de que vai sair do crescimento não acredita ninguém. No 2016 foi preciso sacar dos aforros 19.200.000.000 de euros e isto é muito dinheiro. Este quantidade de dinheiro ainda é mais grande quando nos damos conta que o petróleo, ao final de 2016, começou um processo de suba de preço o que vai dificultar a tão desejada “recuperação”. Compre indicar que as atuais subas no preço do petróleo não são devidas ao “rebote” (incremento do preço) por mor da destruição da oferta, produto do baixo preço induzido pela sub-demanda que viu provocada pelos altos preços anteriores, produto duma escassez de produção anterior -conste que a frase tem a intenção de ser difícil de entender porque o mundo do petróleo também o é-.

Os que como eu acreditamos, desde o 2008, que esta crise viu para quedar não nos estranha que a sociedade mude rapidamente, não nos estranha o Brexit, nem Donald Trump, nem os atuais distúrbios de México, nem o continuo movimento de fronteiras na periferia do centro do mundo que se produziram nestes 8 anos. Mesmo intuímos que os grandes movimentos fronteiriços no coração do mundo estão por chegar e pensamos que os câmbios políticos vividos são produto do cambio de paradigma no que se topa o mundo atual. Câmbios similares, mas de sentido inverso aos iniciados com a construção a grão escala do motor de explosão, o descobrimento da máquina de vapor ou o estabelecimento das rotas comerciais estáveis com o novo mundo do século XVI.

Quem nos ia dizer no 2007 que aquele processo de eletrificar e iluminar até a última casa que se deu massivamente a mediados do século XX ia não só rematar senão inverterse, começando ademais, pelas cidades. Sim já sei que a este efeito de alumar a casa com velas e deitar à hora das galinhas lhe chamamos “pobreza energética”, mas eu penso que este termo teria sentido se a publicidade do PP for certa é a recuperação económica fosse possível. Polo tanto é melhor chamar lhe “des-revolucão industrial” ou “des-modernização”.

O 2016 converteu-se, ao meu entender, no ano no qual se fechou o ciclo de pre-crise no coração do mundo e o 2017-18 vai ser o biénio no qual o coração do mundo vai entrar em crise

O 2016 converteu-se, ao meu entender, no ano no qual se fechou o ciclo de pre-crise no coração do mundo e o 2017-18 vai ser o biénio no qual o coração do mundo vai entrar em crise. A pre-crise fechou com o inicio do enfrontamento das elites económicas. A guerra desatada entres as elites económicas está sendo ganhada pelos poderes económicos que pretendem fechar fronteiras e reverter o processo de globalização cara políticas proteccionistas à vez que manter processos colonizadoras. Isto quedou patente na vitoria do Brexit no Reino Unido e nas presidenciais americanas com o inesperado êxito de Donald Trump. Mas o 2016 não é só a vitoria da velha direita no coração do mundo, é também a derrota da esquerda e a prática desaparição da social-democracia em Europa. A crise dos partidos social-democratas em Europa e o “bluff” dos partidos emergentes da esquerda já seja em Grécia ou no Estado Espanhol deixam ver claramente que o discurso e a praxe do passado não servem para uma sociedade convulsa como na que estamos imersos.

A situação mundial do petróleo daria para outro artigo, um ensaio, mas sem entrar para nada no fundo do que sucede, o que sim se pode dizer é que o grande império americano não para de registar fracassos militares na geo-política que mais cedo que tarde lhe vão significar importantes consequências internas e externas. O fracasso na estabilidade de Iraque, na derrota do chavismo, na derrota de Bashar al-Ásad em Síria e pelo tanto o fracasso na derrota de Rússia, são sem dúvida exemplos muito importantes da perda de influência do imperialismo americano que, pela contra, sim triunfou no movimento impulsado no Brasil para quitar do poder ao PT.

Só o Partido Popular é capaz de vender futuro, ainda que o seu futuro seja “sinónimo” de passado

A nível de Estado, o PP começou o 2016 bastante derrotado no imaginário coletivo, mas foi quem de rematar o ano com vitoria e, por desgraça, o 2017 apreséntasse com o vento ao seu favor. As razões de ter passado da derrota à vitoria baseasse, ao meu entender, em que só o Partido Popular é capaz de vender futuro, ainda que o seu futuro seja “sinónimo” de passado. Estabilidade e inicio de recuperação para poder volver a ter algo parecido ao tido no passado são os piares nos que se sustenta a sua recuperação. No bando contrario esta a “esquerda” do sistema, o PSOE, que sofre a crise da desilusão e, como não, da morte dum modelo económico e social que nunca mais vai volver. Também esta a “esquerda rebelde” que não é quem de entender o papel que jogou e joga na sociedade. O papel de ter sido o partido que se apoiou desde o sistema para meter as pessoas nas casas e convencê-los de que as coisas se solucionam fazendo política a golpe de clique de ordenador.

O papel de ser o partido que se vota para fazer oposição mas que não se quer para governar. A estes feitos há que somar que PODEMOS não tem um discurso próprio, nem futuro diferente no económico e no social que o da derrotada social-democracia europeia e, que por acima é quem de apoiar postulados (manifesto última chamada) que logo ignora e combate.

Podemos não tem um discurso próprio, nem futuro diferente no económico e no social que o da derrotada social-democracia europeia

Na Galiza, a sua flebeza de consciência nacional passou lhe fatura; ao contrario do que esta sucedendo em Catalunha onde o 2017 se apresenta como um ano importante ou incluso decisivo.

Seria bom, ao meu entender, que em Catalunha acompassassem os tempos de libertação nacional com os futuros tempos de intensificação da crise porque a atual consciência nacional, nesta nação, tem muito a ver com a balança de pagos com o Estado Espanhol. O povo catalá síntese profundamente ofendido porque tem muito claro que aporta ao estado muito mais do que recebe e esta ofensa maniféstasse com mais força quando a crise é mais patente. Em Catalunha sucede justamente o contrario do que sucede na Galiza: o nosso povo tem assumido, de jeito claramente falso, que percebe mais do que aporta às arcas do Estado. Pela contra, se Galiza no político transmite a sua dificuldade máxima para existir como tal; sucede justamente o contrario no social onde os movimentos que se estão dando na política mundial, começam a ter signos de aparição na nossa terra e, pelo tanto podemos dizer que o tempo, por fim, começa a jogar a favor para a recuperação dos espaços para a auto-gestão do nosso território. A pergunta é se as pessoas que acreditamos na causa nacional galega seremos quem de ajudar a construir a Galiza do futuro, cotovelo com cotovelo com o povo, ou se nos manteremos novamente à margem num processo de debate inteletual permanente que não é quem de seduzir a ninguém.

Em Catalunha sucede justamente o contrario do que sucede na Galiza: o nosso povo tem assumido, de jeito claramente falso, que percebe mais do que aporta às arcas do Estado

O 2017-18 vai ser um biénio onde os tempos sociais, políticos e económicos vão seguir correndo e saltando a grande velocidade achegando-se estes, cada vez mais, ao coração do mundo. O cambio de paradigma de passar dum mundo com energia abundante e barata com o que solucionar todos os problemas a outro mundo com escassez de energia, recursos limitados e com uma mudança (instabilidade) climática cada vez mais forte manifestara-se com o passo do tempo com maior exclusão de pessoas e estratos sociais e, também, de nações e mesmo regiões completas do planeta. Esta exclusão terá como único ponto ao nosso favor a abertura de novas realidades que dará lugar a novas consciências e novas desejos coletivos. De nós depende que Galiza não perda esta oportunidade.

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