Opinión

Cara onde nos leva o modelo agropecuário do PP

A aplicação do programa agrário do Partido Popular na Galiza, como corresponde a um partido de ideologia neoliberal, parte de definir a situação do agro galego como atrasado ao que há que modernizar a partir de unidades produtivas de corte empresarial, com uma visão meramente produtivista.

A situação de atraso viria caracterizada por um excesso de mão de obra agrária, por cima pouco qualificada, pouca rentabilidade por pessoa ativa, baixo nível de mecanização e instalações obsoletas e pouco eficientes. Teses defendidas pelo economista Gonzalo Fernández a traves dos seus famosos informes sobre a Economia Rural e Agrária na Galiza, publicados pela cooperativa ourensã Coren desde a segunda metade dos anos setenta do século passado. Para este economista o maior câmbio, nos últimos trinta anos, foi o demográfico com o esvaziado do rural, o que, segundo ele, deu passo a uma sociedade rural modernizada e a uma economia aberta e desenvolvida; de uma economia de subsistência a uma de produção.

Mas esta conceção da atividade agropecuária como uma atividade empresarial sem mais incorre, desde o meu ponto de vista, num grave erro ao considerar a produção de alimentos, função essencial desta atividade, numa atividade eminentemente especulativa.

Ao meu ver à produção de alimentos não se lhe deve aplicar critérios exclusivamente economicistas, ao ser estes essenciais para o mantimento da vida e pelo tanto imprescindíveis para a supervivência da humanidade, amais de contribuir a manter a biodiversidade ou a conservação do meio ambiente, ao tempo que contribui à estruturar  e dinamizar o território, benefícios que seguramente resultaram pervertidos de lhe aplicar exclusivamente critérios capitalistas.

Mas em coerência com estes critérios,  a política agrária dos distintos governos do PP na Galiza passaram sempre pela supressão tanto de explorações como de ativos e ativas agrárias. Assim, em chegando de Fraga à presidência da Junta uma das suas primeiras propostas foi a eliminação de umas 70.000 explorações lácteas, ao propor passar das 107.000 existentes em 1990 a 30.000, objetivo que figurava no Plano Sectorial Lácteo Galego de 1991. Segundo consta no estudo que justificava essa proposta, em 1990, um 57% das granjas tinham menos de 5 vacas e somente um 4% superavam as 20, sendo a produção total da Galiza era 1.870 milhões de litros, tendo como horizonte chegar a 2.000 M. l/ano na campanha 1992-93.

Dez anos após, a PAC período 2000-2006 contemplava nos Programas de Desenvolvimento Rural a posta em prática das denominadas Medidas de Acompanhamento, integradas pelos seguintes programas: Cessamento antecipado da atividade agrária; Florestação de terras agrárias; Indemnizações compensatórias a zonas desfavorecidas; e Medidas agro-ambientais. Pois bem na Galiza o governo Fraga efetivou todas estas medidas menos a destinada a favorecer as práticas meio-ambientais. Ficam claras quais eram as suas prioridades, continuou priorizando o cessamento antecipado, isto é a eliminação de povoação ativa agrária, e a florestação de terras agrárias, ou o que é o mesmo a diminuição da Superfície Agrária Útil (SAU), e deste jeito caminhar cara umas explorações cada vez mais dependentes da importação de insumos para alimentar as vacas e pelo tanto mais vulneráveis o que deu lugar a uma maior concentração provocando a desertificação e desestruturação do rural galego.

Pela contra coa chegada do nacionalismo à Conselharia do Meio Rural, o BNG pus em andamento medidas que tentavam reverter este caminho. Entre estas encontrava-se o Contrato de Explorações Sustentáveis, enquadrada no Programa de Desenvolvimento Rural da Galiza, que procurava melhorar a sustentabilidade das explorações agrárias galegas tanto nos planos económico melhorando a renda das explorações, social apostando por alimentos saudáveis e de qualidade e procurando fixar povoação, e ambiental apoiando uma agricultura respeitosa com o meio ambiente, mediante a  promoção de uma agricultura mais extensiva em explorações de leite e cebo, ou a utilização do pastoreio.

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