Opinión

A fachenda de Bugallo com os dados do emprego em Santiago

O ano do duplo Jacobeu acabou e os governantes fazem inventário. O presidente da Câmara Municipal de Santiago salienta fachendoso que os dados de emprego som os melhores dos últimos 18 anos. Desconhecemos as estatísticas que utiliza Bugallo para sustentar a afirmaçom anterior, mas o banco de dados oficial em matéria de emprego (Encuesta de población activa, EPA), mostra outra realidade.

Também é engraçado Bugallo reportar-se ao penúltimo Jacobeu (2004) e nom ao último (2010) para de esta maneira alongar um horizonte temporário que amplificaria o seu sucesso. Mas se os dados de emprego som os melhores em 18 anos, quer dizer que também o serám em 12 anos, quando transcorreu o último Jacobeu e acabava de principiar, o ano anterior, uma das piores crises económicas, facto que iria jogar para o benefício do exercício 2022. Pois é, apesar de estarmos daquela imersos numa recessom económica terrível, os dados de emprego em Santiago no ano 2010 foram melhores que no ano que finaliza.

Pegando na informaçom dos terceiros trimestres de 2010 e 2022 da EPA (último dado publicado), observamos como a populaçom de 16 e mais anos cresceu em Compostela, assim como a populaçom economicamente ativa (soma da populaçom empregada e desempregada), mas a populaçom empregada desceu 0,87 por cento, acrescentando a populaçom desempregada 36,96 por cento, 85,00 por cento no caso dos homens e 4,00 por cento para as mulheres desempregadas. A taxa de desemprego sobe de 9,1 a 12,2 por cento, sendo Santiago junto com Ourense os dois únicos exemplos dentro dos sete grandes concelhos da Galiza, sem reduçom desta rácio. Estes som os dígitos do sucesso do mercado laboral em Santiago no intervalo entre Jacobeus.

Setorialmente, a construçom é a grande prejudicada neste tempo, perdendo 31,03 por cento do emprego, mas a galinha dos ovos de ouro do emprego em Compostela, os serviços, tam só crescem 0,26 por cento (quase nom 100 pessoas). Grande deve ser o motivo de orgulho do Bugallo diante deste contexto.

Atendendo à situaçom profissional, a queda de populaçom assalariada é evidente (-5,34 por cento), com mais de 2.000 assalariados/as menos, em 12 anos, quando a populaçom ativa cresce nessa mesma quantidade. Vai ser o emprego autônomo o que experimente crescimento neste intervalo, ultrapassando os/as 8.000 trabalhadores/as independentes, mas sem compensar a perda de emprego total (em 2010 esta classe de emprego atingia 6.400 pessoas, ultrapassando as 39.000 assalariadas, que descem aproximadamente a 37.000 em 2022).

Um dado preocupante, quando vam lá vários meses da reforma laboral que visava acabar com a temporalidade no mercado de trabalho, é a queda no número de contratos por tempo indeterminado (-16,98 por cento) e o aumento no de contratos temporários (44,00 por cento). Estamos perante um processo de insegurança no trabalho que se acrescentou neste tempo em Compostela apesar das reformas legislativas realizadas no Estado espanhol para aliviar esta realidade; tornando-se evidente nos setores com maior relacionamento com o turismo como comércio, alojamento, bares e restaurantes. Já com dados dos registros mensais de contratos do SEPE (Serviço Público de Emprego Estatal) para outubro de 2022, pode ser visto como dos 471 contratos assinados na atividade de comércio a retalho, com exceçom dos veículos a motor e dos motociclos, 342 foram temporários e apenas 129 por tempo indeterminado. Dígitos semelhantes encontramos para os serviços de alojamento (493 e 66) e para os serviços de comidas e bebidas (365 e 307, embora em grau menor).

Em definitivo, a realidade é teimosa por muito que o prefeito Bugallo tenha vontade de narrar desta vez um amigável conto de Natal sobre o mercado de trabalho no nosso concelho durante 2022.

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