O que a escritora feminista Pamela Sobrinho reflicte no seu texto “Cada vez mas estupros, por quê?” é extrapolável às nossas ruas e quintairos.
Semelha que nos últimos tempos a realidade impõe se com crueza, que as situações de vulnerabilidade são cada vez maiores.
Talvez tenha a ver com uma mudança que ainda não se deu, una revolução sempre pendente. Uma que sintamos que é a nossa, a máis sentida.
"Semelha que nos últimos tempos a realidade impõe se com crueza, que as situações de vulnerabilidade são cada vez maiores".
A responsabilidades de que não chegara possam ser, inclusive, partilhadas.
Estes anos de pseudo-democracia implementaram nas nossas vidas um verniz de igualdade que na deconstrução actual olhamos a chapa vetusta e anterior que nunca mudou. Referimos-nos a como as nossas entidades e organizações, das mais simples às mas complexas, apanharam os tics de igualdade para nada mudar.
A institucionalização das vindicações acarreou um esvaziado dos contidos que desde as nossas necessidades urgiamos.
Necessidades fruto das agressões, berros acesos de estarmos fartas delas, da luta contra o Heteropatriarcado de todos os dias, da batalha contra os micromachismos, contra os protagonismos testosterónicos que tanto cansam e abafam
O chamado de atenção está feito. Várias Companheiras e organizações estão em pé de luta, algunas até expõem as suas vidas para que não só o governantes e legisladores escutem senão para que a sociedade ao unísono afirme Abonda já!! Nem um estupro, nem feminicídio, nem crime heteropatriarcal mais!! Possa quem leia que é uma reflexão mais, não, não é o meu propósito.
Esta escrita surge da fartura e da fractura.
Da fartura de que não vamos deixar que as nossas vilas se convertam de facto em cotos de acosso e agressão sexista, não vamos consentir a involução de olhar como as nossas aldeias e carreiras se convertam num estado de sítio e com toque de recolher.
Não, e um Não é um Não.
De fractura pois chamamos a aquelas de nós que estamos partilhando espaços onde se dê esta violência a uma mudança de acção, uma contundente e desconstruinte.
Não temos tempo para mais reflexões, para mais atitude pedagógica.
Nos não temos a obriga de ensinar a quem não quer aprender, atitude pedagógica sim mas sempre e quando o feedback tem que ser equiparado em vontade transformadora.
E tudo isto porque já me fartou, foi há uma semana.
"E se realmente queremos mudar a realidade, lutar por uma utopia de libertação de Todas, a Violência Heteropatriarcal deve ser -senão comigo que não contem- o Primeiro Objetivo a eliminar".
Às 22.3o (aprox) estava a dar um passeio em Compostela, na Praça de Vigo colhendo cara à rua Santiago de Chile e de repente um macaco diz: "Rubia folha comigo", apartei seu braço de diante e digem-lhe "Vai-te à merda fascista".
Continuei o meu caminho e ele turrou da minha gabardina "galleguista de mierda que te follo".
O meu passo continuou com a ánsia de não lhe ter dado umas óstias, saim com a pena de não lhe ter tirado uma foto, de…. Vinheram à minha cabeça relatos de Companheiras que nestes tempos partilhamos em espaços como MUGRE.
Sei que temos que elaborar estratégias, mais só temos nós?, evidentemente sim, mas acaso fora-mos nós , onde ficam os que agredem, reflexionam, duvido-o.
Muito ao contrario os agressores sentem que figeram um ato normal, uma fazanha para contar testoterónicamente entre seus iguais (de anormais e cabrões, além de fascistas).
E se realmente queremos mudar a realidade, lutar por uma utopia de libertação de Todas, a Violência Heteropatriarcal deve ser -senão comigo que não contem- o Primeiro Objetivo a eliminar.
Em fim, quantas mas merdas teremos que escutar?