Opinión

Ir a Madrid e somarmos na terra

Há poucas horas que conhecemos que o BNG vai ter um deputado no Congresso espanhol para levar as problemáticas da Galiza e, junto com outras forças que também entram nesse cenário, colaborar desde as intituiçons no desequilíbrio do Estado espanhol. É umha boa nova porque sabemos que quando a força nacionalista estivo em Madri as questons que importam às trabalhadoras galegas fôrom ali denunciadas enquanto na terra se trabalhava desde o sindicato, desde os centros de trabalho, desde as aulas… Sabemos que o BNG é a organizaçom política que melhor pode entender os conflitos porque a sua militância fazemos parte directa e diária deles, e está presente nos espaços desde onde resistimos à espanholizaçom e à liberalizaçom. Mas também sabemos que a confiança no aparato e nos espaços que abre para confrontá-lo, sempre com as limitaçons que o Estado e o sistema ponhem, pode trazer retrocesso em matéria de consciência nacional e social. Vivimo-lo no Parlamento galego e nom podemos voltar a esse ponto.

A presença nas instituiçons nom é um fim, nom é o objectivo que temos as galegas autoconscientes; é umha ferramenta para somar mais gente ao nosso objectivo real, o de rachar com a pobreza -moral, econômica, cultural- à que nos destina este sistema e este Estado, que é sempre reacionário, tenha a face que tenha. Estas pequenas vitórias sempre somam gente à organizaçom, criam simpatias polas siglas e mesmo dulcificam a nossa natureza (vemo-lo quando os meios de comunicaçom, sempre ao serviço de interesses contrários aos nossos, nos dedicam palavras amáveis), mas nom podemos contentar-nos com a dose de poder irreal que nos reservam; devemos aspirar ao poder real. A agenda política galega tem que estar centrada na vida das galegas, e, quando se abra a possibilidade de termos presença nas instituiçons, pelejar também esse espaço; nunca ao envés. Isto por vários motivos.

Que esta formaçom obtivesse na Galiza quase tantos votos como o BNG, superando-nos nalgumhas vilas, nom é um logro, é umha alerta que temos que tomar a sério

A extrema direita já existe na Galiza, e vemo-lo a diário nas ruas e na política. É bom celebrar que certas forças de moda nom obtiveram esse espaço de difusom desde o nosso país, mas temos que saber que um deputado de VOX, saia eleito pola Corunha ou por qualquer outra província do Estado, pode fazer que umha galega se sinta apelada igualmente com o seu discurso. Que esta formaçom obtivesse na Galiza quase tantos votos como o BNG, superando-nos nalgumhas vilas, nom é um logro, é umha alerta que temos que tomar a sério. Sobretodo porque outras forças igualmente nocivas, como o Partido Popular, tenhem no nosso país o seu feudo. Nom temos que esperar a que os meios nos benefíciem com a sua cortesia pontual; temos que organizar a esquerda forte que combata a normalizaçom do neofranquismo, temos que organizar a esquerda construtiva e convincente que aune a classe trabalhadora galega na consecuçom da soberania para o nosso país e a nossa classe, onde o machismo, a lgtbfobia, o racismo nom tenham oportunidade de dar-se. Nom podemos consentir que as mentiras e o jogo mediático definam a política e nos roubem espaço; temos que ir com os valores da análise, a crítica, a verdade e a coerência.

Também porque há muitos espaços e pessoas que jogamos a vida nesta competiçom com as dereitas. Competimos porque, se estám elas redigindo as leis e dando as ordens, ilegalizam-nos, condenam-nos e criminalizam-nos. Vemo-lo com a decisom de pedir 102 anos de prisom para militantes independentistas e a dissoluçom de duas organizaçons galegas quando o PSOE, aquele que dirige as cargas noutros pontos do Estado, está no governo espanhol. Vemo-lo também a nível macro quando estas forças som cúmplices da ingerência nos países latinoamericanos para botar abaixo os governos progressistas que ameaçam o capital e o imperialismo com a sua soberania nacional. Em toda parte os nossos inimigos som os mesmos, e é isto do que temos a responsabilidade no nosso país: de dar as ferramentas para que a maioria social os identifique e queira somar-se a mudar a estrutura.

Por último, porque temos memória e conhecemos exemplos de organizaçons que se deixaram levar polos ritmos e dinâmicas institucionais. Nom podemos deixar de advertir que há que luitar em toda parte contra as possíveis derivas reformistas e autonomistas em que se pode ver envolto o BNG. Muitas militantes de a diário confiárom o seu voto ao Bloque por ser a força que, como escrevia acima, melhor pode representar os interesses das trabalhadoras galegas, e trabalham cada dia por popularizar o independentismo e legitimar as nossas vindicaçons; da organizaçom nacionalista será responsabilidade ser coerente com este trabalho nos centros de trabalho, nas aulas, nas rúas, desde onde temos que organizar-nos.

E nesta tarefa temos umha grande responsabilidade as jovens, pois de nós depende o futuro e o triunfo das ideias de justiça. Na Galiza de hoje existem organizaçons desde onde começar a construir esse porvir, desde onde pôr em comum o trabalho que realizamos nos espaços culturais, feministas, ecologistas, sindicais e, em definitiva, sociais, e desde onde traçar a estratégia que faga do nosso país um território realmente livre do fascismo.

Comentarios