Opinión

A Galiza e a CPLP

A entrada da Galiza na Comunidade de Países de Língua Portuguesa seria uma esplêndida notícia para a nossa nação. Não só do ponto de vista do nosso idioma, mas também do ponto de vista do reconhecimento implícito da nossa condição nacional e mesmo do desenvolvimento da nossa economia. Como explica numa entrevista com o Sermos digital o secretário geral de Política Lingüística da Xunta da Galiza, a CPLP é hoje um órgão supra-nacional que vai muito além dos assuntos puramente idiomáticos: é também uma entidade para o relacionamento económico e comercial de Estados que têm uma base demográfica conjunta de 250 milhões de habitantes e que têm presença em todos os continentes.

Já no seu dia o Sermos considerou como positiva a iniciativa adoptada pelo chefe do governo galego, Alberto Núñez Feijóo, no debate do estado da autonomia (sic) 2015 quando anunciou que ía demandar o ingresso da Galiza na CPLP. Porém, chamou-nos muito a atenção já daquela que esse anúncio não fosse acompanhado duma certa ofensiva informativa por parte dum governo que dispõe de poderosas ferramentas comunicativas, a começar pela CRTVG. Um ano depois de aquele debate, é óbvio que a imensa maioria da sociedade galega desconhece o que é a CPLP e ignora que o nosso país esteja às portas de entrar nela. 

Não pode ser uma entrada puramente super-estrutural (e muito mais se é através apenas duma entidade, o Conselho da Cultura Galega, com uma posição historicamente nada favorável à reintegração do galego com o português)

Um passo como este deve fazer-se desde o maior grão de socialização possível. Não pode ser uma entrada puramente super-estrutural (e muito mais se é através apenas duma entidade, o Conselho da Cultura Galega, com uma posição historicamente nada favorável à reintegração do galego com o português). Cumpre que as galegas e os galegos tenham informação sobre as indiscutíveis vantagens que decorrem de possuirmos uma língua, o galego-português, de abano praticamente planetário, a segunda romance com mais utentes.

E cumpre também que o Governo galego acompanhe este processo com a introdução de sérias mudanças nas suas políticas linguísticas. Urge a derrogação do mal chamado decreto do pluri-linguismo e a reversão de todas as medidas, por exemplo as adoptadas em relação ao aceso à função pública, que representaram retrocessos na normalização da nossa língua.

De nada valeria uma entrada formal da Galiza na CPLP se no próprio país continuasse o processo de substituição progressiva do galego pelo espanhol em primeiro lugar e pelo inglês em segundo.

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