Na costa oeste dos EUA é onde fica o estado da Califórnia. O limite do oceano Pacífico marcou a fim da carreira para o oeste e a criação de São Francisco. Na atualidade as empresas com mais valor do mundo têm a sua sede principal na Califórnia: Google, Apple, Facebook, Amazon. Todas elas formam o novo sistema da economia-mundo que podemos dar em chamar G.A.F.A. Esse novo modelo de economia baseado nas novas tecnologias, no talento e nos serviços de conectividade situam a Califórnia como a 5ª economia do mundo. Para além disto, na Califórnia seguem a produzir o “entretenimento” maioritário no mundo ocidental avançado, fabricando o cinema e as séries de televisão que todos olhamos nos nossos diversos ecrãs; Hollywood segue a ser o centro da produção audiovisual do nosso entorno cultural.
É evidente, que se isto faz da Califórnia um centro mundial da economia 4.0, também é evidente que da Califórnia vieram alguns dos avanços em direitos e liberdades dos que nós desfrutamos como sociedade hoje em dia. Uma sociedade sempre por diante na luta dos direitos sociais e desde onde expandiram-se para parte do mundo as reivindicações das gentes homossexuais que hoje em dia fizeram sua a bandeira multicolor criada na marcha de São Francisco no 1978.
Então, que é isso de #Galifornia que já supera em seguidores às redes sociais oficiais de turismo da Junta da Galiza? Em Portugal há uns três anos que já sabem o que é isso de “Galifornia”, têm costa, têm surf, têm sol. Agora têm também a nacionalidade portuguesa para os empreendedores de fora da UE que invistam 100.000€ no país; um plano do governo português para atrair talento, para atrair empresas tecnológicas, para atrair “star-ups” e no fundo fazer da costa atlântica da Europa um novo polo mundial de desenvolvimento económico sustentável e de alta densidade em conhecimento; o que é hoje em dia Califórnia.
Então, que é isso de #Galifornia que já supera em seguidores às redes sociais oficiais de turismo da Junta da Galiza?
Claro está que nesta hipótese Portugal joga com vantagem. Porém, o nosso país não pode desenvolver uma estratégia deste tipo; os poderes do estado seguem a achar que Madrid deve ser o centro de serviços e o hub de conectividade com o mundo de todo o Reino da Espanha, e pretensamente do sul da Europa. Isto colide com a nossa posição no mundo, como costa atlântica europeia, como a #Galifornia que poderíamos querer ser, um novo centro mundial de desenvolvimento e conhecimento e de atração de talento. Mas nós jogamos outra liga, a da exportação de recursos humanos, a da exportação de talentos e a da fugida da geração melhor preparada da nossa historia. Claro que isto não tem nada a ver com não ter força política de seu, centrada no país e nas suas gentes. Claro que isto não tem nada a ver com o modelo económico e territorial desenhado para o Reino da Espanha e a sua centralidade na fortaleça-nação de Madrid, numa capital dopada de clembuterol e de demais anabolizantes políticos.
Eu adoro #Galifornia e os seus por do sol, as suas areias e as suas rotas no interior, os seus vinhos e as suas comidas, os seus monumentos históricos, as suas paisagens, os regatos, as suas gentes,... Ora bem, também adoraria ter um projeto de país dentro da UE no que os mais de 1.000 quilómetros de costa galegas formarão também parte do reclamo para atrair talento, atrair novas empresas e no fim, criar mais riqueza e mais bem-estar no meu país. Entretanto o meu país segue a perder população, empresas, recursos e a ficar unicamente num cancelo nas redes sociais. É o problema de ficar sendo unicamente virtuais os nossos desejos e não transforma-los em ação política, em Portugal bem sabem jogar a ser #Galifornia.
