Opinión

Luita de classes e partido comunista

Umhas das consequências da crise estrutural do capitalismo senil na Galiza é o profundo terramoto padecido pola pratica totalidade das organizaçons situadas no campo popular.

Refiro-me à crise permanente que desangra a esquerda nacionalista tradicional, a implosom padecida pola esquerda independentista, ao eclodir das mal denominadas novas forças políticas que provocárom umha alteraçom do mapa da esquerda na Galiza, ao fora de jogo permanente no que se situou o sindicalismo de classe, a ausência de movimentos populares de orientaçom subversiva mais alá das inofensivas declaraçons e propaganda na rede.

Estes grupos estám de partida esterilizados para consolidar-se como força subversiva, como vanguarda revolucionária

Mas um fenómeno novo tem acompanhado esta etapa de refluxo do movimento de massas provocada polo ilusionismo eleitoral que tem congelado as luitas populares, as greves, a conflituosidade social, contribuindo assim a estabilizar o regime do capitalismo espanhol na Galiza.

Refiro-me ao aparecimento de grupos que reclamando-se do marxismo pretendem ocupar e organizar a esquerda revolucionária.

Porém, por mui boas intençons de boa parte das pessoas que os promovem, estes grupos estám de partida esterilizados para consolidar-se como força subversiva, como vanguarda revolucionária.

Por um lado reproduzem similar paradigma espanhol da burguesia que afirmam combater. Embora evoquem, e mesmo recolham no seu programa o direito de autodeterminaçom, nada fam para que se exercite. Este direito aparece desde os primeiros anos da sua fundaçom no programa do PCE e das suas cisons dos sessenta, setenta e oitenta do século passado, como umha mera formalidade democrática que a sua prática nega diariamente, agindo como agentes da assimilaçom espanhola que promove a oligarquia.

A negaçom da Galiza como quadro nacional de luita de classes, portanto nom aplicando o princípio de auto-organizaçom da classe obreira galega num partido comunista próprio, constata as limitaçons congénitas do seu chauvinismo espanhol, ideologia antagónica com os interesses objetivos da classe operária e do conjunto do povo trabalhador.

Lembremos que Lenine já em 1921 definiu a URSS como um “estado operário burocraticamente degenerado”

A carência de umha formaçom ideológica sólida, alicerçada no estudo e reflexom da teoria de Marx e Lenine, da trágica evoluçom da Revoluçom bolchevique, das suas deformaçons e degeneraçons, provoca que frente à linha conciliadora eurocomunista instalada no comunismo espanhol, da sua consabida pratica socialdemocrata e colaboracionista, optem por identificar o estalinismo como a vacina frente ao processo de acelaraçom da coexistência pacífica, renúncia à luita revolucionária emanada do XX Congresso do PCUS, e as suas nefastas consequências nos partidos comunistas tradicionais. Como se a orientaçom do PCUS desde os anos trinta seja um exemplo a seguir! Lembremos que Lenine já em 1921 definiu a URSS como um “estado operário burocraticamente degenerado”.

Sem lugar a dúvidas é necessário resituar a luita de classes na centralidade da política galega, desmascarar sem trégua o cancro do “cidadanismo” e dos “interesses da gente”. Combater o relato nacionalista espanhol e a lógica da alternáncia política da ditadura burguesa que une PP, PSOE, Podemos, IU e C´s.

Mas também o relato do nacionalismo e independentismo essencialista galego que nega na sua açom teórico-prática a luita de classes, insistindo em que a contradiçom principal é Galiza-Espanha, mediante umha leitura estreita e idealista do País. E obviamente descartar o relativismo dessa falsa nova esquerda articulada nas Mareas que nom representa mais que a renovaçom da narrativa e da prática socialdemocrata, totalmente inofensiva para o capitalismo.

É necessário resituar a luita de classes na centralidade da política galega, desmascarar sem trégua o cancro do “cidadanismo” e dos “interesses da gente”

A totalidade da esquerda reformista, e mesmo da denominada esquerda radical, tem interiorizado as categorias e conceitos do Capital, empregando idêntica terminologia que a burguesia, reproduzindo assim a ideologia dominante no movimento popular, domesticando a classe operária, desarmando o seu potencial antagónico, exercendo de muro de contençom das reivindicaçons e luitas, canalizando-as pola fracassada via eleitoralista. A mais mínima expressom de rebeliom, de exercício da autodefesa, é imediatamente abafada e condenada por questionar os “mecanismos democráticos”. Esta é a esquerda que necessita a direita para perpetuar sob a fachada democrática a exploraçom e dominaçom da maioria social.

Nom nos deixemos seduzir por estas discursos, enganar por estas iniciativas que aparentemente pretende articular desde o auto-ódio umha alternativa revolucionária desde o campo do "marxismo-leninismo", mas sempre formatado em Madrid e/ou como referente a capital do Ibex 35.

A totalidade da esquerda reformista, e mesmo da denominada esquerda radical, tem interiorizado as categorias e conceitos do Capital

A classe trabalhadora da Galiza necessita um partido comunista com capacidade de direçom política, de mobilizaçom de massas, que organize e prepare a a revoluçom. A dia de hoje lamentavelmente nom existe!

Para garantirmos o êxito desta tarefa imensa é necessário acreditar nas nossas forças como povo, como naçom, nas especificidades e caraterísticas próprias da morfologia social galega, desde as quais só é possível construir essa ferramenta de luita e combate que deve ser o partido comunista. No noso caso um partido comunista que tenha como umha das suas tarefas prioritárias a libertaçom nacional da pátria de Benigno Álvares, O Piloto, Luís Soto e Moncho Reboiras.

Nisso andamos desde que em 1996 se fundou Primeira Linha.

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