Opinión

Periko -Solabarria, Igreja a pé de obra

Dous anos no mosteiro de clausura de Topas dam para muita soidade. Também para muito aprender, quando a companhia é boa e as conversas enriquecedoras. Com um companheiro basco, assinante da Herria 2000 Eliza, soubem de Balentxi, crego da zona velha de Donosti, ativista incansável e pioneiro com Txus Congil na luita pola prevençom e tratamento dos problemas da drogodependência, às vezes contra a incompreensom dos seus próprios companheiros. 

Dous anos no mosteiro de clausura de Topas dam para muita soidade. Também para muito aprender, quando a companhia é boa e as conversas enriquecedoras. Com um companheiro basco, assinante da Herria 2000 Eliza, soubem de Balentxi, crego da zona velha de Donosti, ativista incansável e pioneiro com Txus Congil na luita pola prevençom e tratamento dos problemas da drogodependência, às vezes contra a incompreensom dos seus próprios companheiros. Falavamos de Balentxi a partir de Moncho Valcarce, pois os dous conheceram-se em Roma; e de crego em crego chegamos a Periko Solabarria, velho conhecido de Irimia, e exemplo de dignidade.

"Falavamos de Balentxi a partir de Moncho Valcarce, pois os dous conheceram-se em Roma; e de crego em crego chegamos a Periko Solabarria, velho conhecido de Irimia, e exemplo de dignidade".

Periko Solabarria criou-se entre os bombardeios fascistas ao País Basco, efetuados pola aviaçom franquista e la Legiom Côndor. Umha bomba derrubou parte da sua casa, onde umha mulher trabalhadora e um mineiro luitavam por sacar adiante umha família. Feito já um cura obreiro, Periko tanto organizava reunions clandestinas anti-franquistas como montava umha escola no cinturom obreiro de Bilbao. Numha entrevista recenté recordava o apuro que passara numha inspeçom das falangistas da Seçom Feminina, quando um meninho, perguntado polas suas oraçons, recordou que “Dom Pedro sempre di que Deus parece que nos esqueceu”. Jamais cobrou do Vaticano. Trabalhou sempre se peom da construçom –nunca tivo um contrato indefinido-, cóvado com cóvado com galegos e outros emigrantes: nas obras da Universidade do País Basco, na Ponte de Rontegi, no túnel de Malmasin, no trem de bandas de Altos Fornos de Biscaia… Morou em Barakaldo num sótao, que por vezes nem tinha colchom; “Levou-no um que o precisava mais que eu”, escusava-se. Nom surprende que desenvolve-se a afeçom respiratória crônica que tem. Obviamente, Periko Solabarria também conheceu os cárceres espanhóis, em retiro espiritual.

Na greve geral de março de 2012, aos seus entom 83 anos, Periko foi agredido pola polícia quando participava num piquete. Os companheiros levaram-no de urgencia ao hospital onde o operam. A luita laboral tinha umha baixa, mais o movimiento na defesa do sistema público de saúde ganhou um joven ativista. Imediatamente incorpora-se aos protestos do pessoal sanitário contra os cortes. “É que eu sou militante sempre”, di com timidez.

"Na greve geral de março de 2012, aos seus entom 83 anos, Periko foi agredido pola polícia quando participava num piquete".

Desde entom é como um companheiro no meu encerro: vejo-o a diário na imprensa, como um avô com o que sempre se pode contar para renovar a fé na defesa da alegria. Periko em muletas abraçando umha mulher que querem botar da sua casa; Periko tras incontáveis faixas polos direitos laborais; Periko no Natal, disfarçado de Olentzero (o Apalpador basco) entregando-lhe carvom a um empresario que despediu trabalhadores… E mesmo, em pleno debate sobre os métodos das Femen, despido e em muletas na rua exigindo a readmissom dum condutor de ambulancias despedido injustamente. Também em muletas se chantou, como um Carvalho quase centenário, perante o neoinquisidor da Audiência Nacional que o pretende julgar por participar no ato de despedida dum preso morto em estranhas circunstancias.

Há dous anos as suas vizinhas e vizinhos de Barakaldo escolheram-no como pregoeiro das festas do Carmo. Queriam que fala-se no nome do povo inteiro, e o joven crego obreiro nom se cortou: lembrou-se dos galegos emigrados a Barakaldo, dos despossuídos, dos presos, da gente humilde… E criticou a festa dos ladrons do capital, do machismo e os gastos militares. “Fagamos da festa luita, fagamos da festa um paraíso de convívio”, encorajava. Dizque agora Periko Solabarria descobreu as redes sociais e, também aí, é exemplo de humanidade.

10/10/2014

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