Opinión

Pegas em concelho aberto

A tradiçom democrática galega ainda devia manter certo vigor a começos do século passado, quando um Outeiro Pedraio empregava o concelho aberto como símil de todo tipo de juntanças: “falavam os patrons por riba das cápias dos muros quando as pegas se amoream nos outeiros no seu conelho aberto pola castanheira”; e no seu magnífico relato anti-automobilístico “O angaceiro das estradas”, até os modernos caminhos de asfalto se reunem em assembleia galega.

A tradiçom democrática galega ainda devia manter certo vigor a começos do século passado, quando um Outeiro Pedraio empregava o concelho aberto como símil de todo tipo de juntanças: “falavam os patrons por riba das cápias dos muros quando as pegas se amoream nos outeiros no seu conelho aberto pola castanheira”; e no seu magnífico relato anti-automobilístico “O angaceiro das estradas”, até os modernos caminhos de asfalto se reunem em assembleia galega.

Nas democracias tradicionais –dos concelhos abertos na Galiza às aarch na Cabília- o povo que se junta fai-se a si memso num goce do comum que (con)funde médios e fins. Como os longos cabelos das nenas da classe operária inglesa, que permitem a Chesterton impugnar todo o capitalismo: porque para poderem ter o cabelo longo e cuidado tenhem que ter um fogar ajeitado, para terem um fogar ajeitado os seus pais nom podem estar fadigados e embrutecidos pola exploraçom, e para isso é preciso umha revoluçom.

"E no concelho aberto como nas outras tradiçons, é sabido, imos encontrar mais do que se perdeu. Pegas nas que os puristas verám só “gralhas”. Porque “temos algo em comum/umha verdade/que é algo mais/que impotência”.

No extremo oposto, Alèssi dell’Umbris denuncia a democracia de mercado, que primeiro fai todo atisbo de laço comunitário e depois recompom-nos de jeito artificial, como um esqueleto sem tendons, “nas jornadas eleitorais, na cabina de voto, denominada isoloir em francês: “na República [francesa] o isolamento do indivíduo é o que converte este em cidadao”. Eliminadas as vivências comuns, a democracia é um final triste e absoluto: “na França todo –literalmente- remata em eleiçons”, como o maio do 68.

Simplesmente sair do isoloir já é delito, porque o coletivo é perigoso: por isso proliferam ordenanças municipais que proibem juntança de mais de duas pessoas a falarem na rua; eis a verdade sublimada nos chistes racistas nos que mais de dous mussulmanos juntos estoupam automaticamente; e a justiça espanhola a receitar condenas por delitos coletivos –“organizaçom terrorista”, “associaçom ilícita”- unicamente contra a dissidência –últimos refugos coletivos- e jamais contra os GAL, BVE ou PP.

As pegas, de Clichy-sous-Bois, Loureda ou Quistiláns, já saírom do isoloir no que nunca estiveram. E no concelho aberto como nas outras tradiçons, é sabido, imos encontrar mais do que se perdeu. Pegas nas que os puristas verám só “gralhas”. Porque “temos algo em comum/umha verdade/que é algo mais/que impotência”.

Carlos Calvo Varela. Valdemoro, 2 de março de 2013

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