Opinión

Opacidade institucional. As contas da Academia.

A corrupçom é, infelizmente, um fenómeno omnipresente na nossa realidade, tanto no plano estritamente político como na sociedade civil, e a transparência informativa é um factor importante -entre outros- para combater essa lacra. Aquí quero centrar-me nas instituiçons políticas assim como naquelas financiadas, total ou parcialmente, polas Administraçons Públicas.

A corrupçom é, infelizmente, um fenómeno omnipresente na nossa realidade, tanto no plano estritamente político como na sociedade civil, e a transparência informativa é um factor importante -entre outros- para combater essa lacra. Aquí quero centrar-me nas instituiçons políticas assim como naquelas financiadas, total ou parcialmente, polas Administraçons Públicas. A eleiçom justifica-se porque só umha sociedade devidamente informada pode adoptar decisons políticas racionais e porque, como cidadaos e contribuintes, temos o direito e, na minha opiniom, o dever de ajudar a melhorar a situaçom neste terreno.

Circunscrevendo-me à Galiza e a título indicativo citarei alguns exemplos de opacidade: o relatório que a auditora contratada pola Junta realizou sobre a eventual fusom das duas caixas galegas e que esta oculta à cidadania; as circunstáncias que rodeam a situaçom dos estaleiros da Ria de Ferrol e que a Sociedade Estatal de Participaciones Industriales e a Junta de Galiza também ocultam à cidadania (obstáculos à reactivaçom de Navantia-Fene, a questom do dique-flutuante, a documentaçom relativa às negociaçons com PEMEX); as contrataçons efectuadas polos Baltar na Deputaçom de Ourense e agora investigadas (note-se que nom se trata apenas de verificar a legalidade do gasto realizado mas também a economicidade do mesmo, que estaria em causa de se determinar que se produziu um sobredimensionamento do quadro de persoal da Deputaçom contra toda lógica, verificaçom que exige grande e acaída informaçom); essa mistura de manipulaçom e ocultamento da informaçom que caracteriza o funcionamento do CRTVG, denunciada por representantes dos trabalhadores do ente e ratificada por colectivos de jornalistas; as contas do próprio Conselho de Contas (quem nos protege dos nossos custódios?), e assim sucessivamente ad nauseam.

Assuntos todos eles mui importantes que bem merecem a atençom que lhes prestam alguns meios de comunicaçom galegos, sobretodo aqueles que apostam mais firmemente pola transparência informativa.Nom acontece o mesmo, sem embargo, a propósito doutro assunto recente, o relacionado com a Real Academia Galega, umha entidade privada sem ánimo de lucro que se financia mediante os subsídios que recebe de diversas Administraçons Públicas. Sobre este caso quero fazer um breve comentário porquanto nos últimos tempos aparecerom notícias relativas a determinadas despesas consideradas de carácter suntuário ao tempo que se acusava o seu Presidente de nepotismo na contrataçom de pessoal.

 "O Sr. Méndez Ferrín negou-se a responder quando se lhe perguntou sobre esses gastos suntuários e as denúncias de nepotismo"


Neste caso estamos perante umha entidade genuinamente galega e para algumhas sensibilidades um referente na vida cultural do país, o que pode talvez explicar o pouco eco que as notícias aparecidas nalguns jornais de fora ou as dúvidas que levanta a entrevista que o próprio presidente concedeu à Rádio Galega encontram em meios habitualmente mui beligerantes com este tipo de práticas.

Na entrevista a que me refiro, o Sr. Méndez Ferrín, que se mostrara mui loquaz e animado até esse momento, negou-se a responder quando se lhe perguntou sobre esses gastos suntuários e as denúncias de nepotismo. Cortou, de forma descortês, as tentativas que fazia o entrevistador para o animar a oferecer a sua versom dos feitos denunciados. Um silêncio que nom ajuda a dissipar dúvidas nem contribui a prestigiar a instituiçom.

Um silêncio de que também figerom gala, salvo algumha excepçom honrosa, meios de comunicaçom, formaçons políticas, sindicatos, agentes culturais e outros organismos e colectivos que costumam tomar posiçom contra este tipo de comportamentos.

Particularmente chocante, esse silêncio, nos meios e colectivos que se ubicam no quadrante político do Sr. Méndez Ferrín, cuja bandeira mais visível se ergue sobre a defensa dumha amálgama -mais ou menos consistente- de conceitos como “radicalidade democrática”, “transparência”, “proximidade à cidadania”, “horizontalidade”.,,

Deixo no ar outras dúvidas que também me suscita esta entrevista: Em que apoia o Sr. Méndez Ferrín a sua afirmaçom de ser a condiçom de “Real”(de “monárquica”, nom de “autêntica”, esclareceu a pedido do entrevistador) garantia da independência da Academia Galega? Pretende acaso o trono algum ignorado descendente de D. Garcia? Porque nom será -quero pensar- na família Borbón que o Presidente deposita o bom nome e o bom fazer da Academia Galega.

Ramom L. Suevos

Comentarios