Opinión

O país que nom existe

Vivemos num país, Galiza, que para muitos semelha nom existir. Nom me refiro unicamente aos grandes meios de comunicaçom mas paradoxamente também a muitas pessoas de esquerdas.

Vivemos num país, Galiza, que para muitos semelha nom existir. Nom me refiro unicamente aos grandes meios de comunicaçom mas paradoxamente também a muitas pessoas de esquerdas. Olha-se para o exterior, publicitam-se as mobilizaçons fora do nosso país, manifesta-se o apoio a todo o que aparenta ser de esquerdas fora da Galiza; ignora-se a problemática específica que nos afecta às galegas e os galegos e esquece-se que nós também nos mobilizamos.

Som muitos os exemplos que se poderiam pôr. A recente greve dos mineiros mobilizou a simpatia de milheiros de pessoas em todo o Estado, entre eles a de muitas galegas e galegos. Surpreende, sem embargo, que a anterior mobilizaçom de trabalhadoras e trabalhadores galegos contra o decreto do carvom que suponha a destruçom de centos de postos de trabalho na Galiza nom despertasse o mesmo apoio social entre o conjunto da esquerda. Lembremos que o decreto recebeu o apoio de praticamente todo o conjunto de forças políticas estatais parlamentares (PSOE, PP, IU e UPyD).

Da mesma forma vimos como a mobilizaçom em Mercadona liderada polo SAT despertou umha grande simpatia entre parte da esquerda actuante na Galiza.  Meses antes foram membros da assembleia de desempregadas/os impulsada pola CIG em Ferrol os que realizaram umha acçom similar, tentando retirar alimentos para entregar-lhos à Cozinha Económica. Fórom numerosas as mostras de apoio recebidas pola organizaçom andaluza enquanto a acçom das galegas e galegos foi ignorada, nom só polos meios de comunicaçom senom também por boa parte da esquerda sempre atenta ao que acontece fora.

Levanta-se desde parte da esquerda a justa bandeira da banca pública. Esquece-se nom obstante que décadas de importante presença da banca pública (da administraçom central )no Estado Espanhol nom evitárom o espólio financeiro da Galiza. Valentim Paz Andrade, nada suspeito de radical esquerdista, denunciou-no muito tempo atrás. Nom, às galegas e galegos nom nos serve a banca pública, necessitamos umha Banca Pública Galega como demanda o nacionalismo.

Vivemos tempos excepcionais, umha realidade que nom pode server para esconder que a crise nom é igual para todas e todos, nem no plano do género, nem no plano social, nem no plano territorial. Galiza enfrenta umha dupla crise, a causada pola crise geral e a que procede de decisons políticas claramente discriminatórias que vem sofrendo o nosso país e que mesmo se acentuárom nos últimos anos: decreto do carvom, sector naval, roubo das caixas de aforros,... De facto nom podemos dizer que o nosso país se beneficiasse da época de bonança. A mediados dos oitenta, quando entramos na CEE, representavamos mais de 9% do emprego do Estado, em 2008 antes do estalido da crise nom alcançavamos 6%. Estes três pontos de menos suponhem médio milhom de postos de trabalho. Com a olhada posta noutras parte esquecem muitas pessoas bem intencionadas que a marginaçom do nosso país, o seu declive vem de longe.

Na esquerda sabemos que a ideologia das classes dominantes tende a ser assimilada polas classes populares. Na década de 50 Albert Memmi, no seu célebre Retrato do Colonizado, sinalava que um processo análogo se produz nos processos de colonizaçom nas relaçons entre povos. Umha relaçom na que a negaçom de si mesmo e a estima polo outro som rasgos comuns a todo candidato à assimilaçom afirmava o tunecino. A pesar das diferenças entre o a sociedade que descreveu Memmi e o nosso país sofremos um mal similar, a nossa realidade negada, a olhada posta no exterior, nom para aprender mas para cambiar de pel. A soluçom aos nossos problemas exige quebrar esse processo, exige que nos convertamos nos protagonistas do nosso futuro.

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