Opinión

Noite eleitoral: "Foi bonita a festa pá. Fiquei contente..."

O Chico Buarque cantava assim desde o Brasil à Revolução dos Cravos.  Infelizmente este domingo houve pouco a celebrar desde uma posição como a defendida pelo grande Chico.

O Chico Buarque cantava assim desde o Brasil à Revolução dos Cravos.  Infelizmente este domingo houve pouco a celebrar desde uma posição como a defendida pelo grande Chico.  Continuar a sofrer o desgoverno dos mesmos, quatro anos mais, com um número de deputados maior ao de há três anos e meio, resulta um panorama sem esperança.

Apesar do escrito nesta mesma coluna por algum outro comentarista, os resultados eleitorais, juntando os votos dos que não há muito fizeram parte do projecto comum do nacionalismo são: 39 PP, 20 BNG e 16 PSOE. Para o nacionalismo suporiam dois escanos mais dos atingidos em 1997, mas seriam quase 35.500 votos menos.

Desculpem os números, mas vou continuar com eles.  Se uma única candidatura do nacionalismo galego repetira o resultado em número de votantes de 1997, fazendo um reparto ponderado nas quatro províncias, o PP continuaria a ter 39 deputados e o PSOE perderia um escano em benefício do nacionalismo.

Mas este cenário assemelha muito transitório.  Tudo aponta a uma redução no número de deputados no futuro. Com os resultados do domingo e considerando o voto nacionalista unido, o PP alcançaria 31 escanos (maioria absoluta), o nacionalismo 16 e o PSOE 14.  Fazendo o cálculo com os votos do BNG em 1997 e sem mudar os das outras duas opções, a coisa empiora: o PSOE perde um deputado em benefício do PP.

A realidade dos números, como a galega é muito dura.  Para muitas galegas e muitos galegos a noite do domingo resultou terrível (de medo, dizia eu a um amigo num correio).  Podemos e temos direito a continuar tristonhos. Não encontro qualquer coisa a celebrarmos.  Se calhar também seriam legítimos outros sentimentos que não tenho vontade de comentar, mas à vista do anterior não resultaria louco pensar que sem união e sem ilusão estamos condenados a continuar governados pelo PP, e pronto.

A música do Chico foi censurada pela ditadura brasileira e teve que fazer uma segunda versão da mesma. Contradizendo o tópico, a segunda letra de Tanto mar é imensa.  Ouvindo as duas, uma após a outra, a escolha é muito complexa, impossível.  Se calhar nesta situação seria ótimo intentar também uma segunda versão política, de um projecto bem sucedido não há muito.  A poesia é o que tem, faz sonhar.

Comentarios