Opinión

O Irám que conhecim

Visitei o Irám em outubro de 2017. Muitas cousas mudárom ali desde entom. O meu amigo Masoud diz que houvo dias em que se levantava vendo como o seu salário passava a valer a metade do que o dia anterior. As sançons, ademais de parte dum taboleiro geopolítico, som políticas que afectam os petos e os estómagos.

Masoud e Adel som dous rapazes que tivérom a bem passar umha hora comigo, um desconhecido procedente da cidade onde joga o Celta Vigo, no aeroporto internacional Imam Khomeini. Até estarem certos de que conseguia trocar umha quantidade suficiente de moeda e conseguir um táxi até o meu destino. Facilitárom-me o seu usuário pessoal para a conexom wi-fi do lugar, para poder falar com a minha família, só como eu ía. Também número de telefone e e-mail, para dúvidas. Só lhes perguntara como lograr essa conexom.

Masoud casou recentemente. Que alegria ao ver as fotografias do casamento! Tenho pendente umha visita à sua província natal, que dixo, tinha ganas de amosar-me, como as tinha de conhecer a Galiza algum dia. “Quando as cousas se calmem”, diz, “por enquanto nom é prudente vires”.

Muito devo à minha amiga Mahsa, que me apresentou o seu primo Hessam, residente em Teerám. Hessam ofereceu-se a fazer de guia da cidade e muito me custara que me permitisse pagar algo. Como ía pagar nada o seu convidado? Espero que lhe vaiam bem os seus estudos em Áustria, penso que assim é.

Naquela altura, Nima tinha 19 anos, e atopou-me um pouco perdido por Xiraz, polo que decidiu acompanhar-me para amosar-me com orgulho a sua cidade. Especialmente celoso foi com que ninguém tratasse de cobrar-me mais do justo no bazar. O único que Nima queria era saber de mim e da minha terra, quantos mais amigos melhor, dizia. Sei que fijo o serviço militar recentemente. Sonha chegar a ser cantante no Irám, mas tem em mente vir trabalhar ao estado espanhol. Como dizia, as sançons afectam os estômagos. Espero vê-lo novamente se é o caso.

Ante um conflito, nom faltam as vozes que buscam deshumanizar o oponente. É condiçom para que as populaçons do centro do sistema imperialista permitam de forma passiva os ataques às que vivem na margem. Outro dia falaremos de política, hoje só queria recordar que o Irám está habitado por pessoas como tu e como eu. Que querem, e tenhem direito, a viver em paz. Um povo nobre como mui poucos som.

Comentarios