Opinión

O que significa a emergência climática?

O Governo espanhol acaba de declarar Emergência Climática. Boas intenções ou medidas efetivas? Analisemos os cinco pontos da declaração e a sua repercussão na Galiza:

1.- Compromisso público alinhado com a necessidade de trabalhar no benefício do Clima. Deveria de falar-se em diminuir o nosso aporte de CO2 para a atmosfera restaurando a produção de oxigênio da biosfera. As árvores são as grandes produtoras de oxigénio em terra firme. Conservam os aquíferos e atemperam a atmosfera. Na Galiza, a política florestal tem que reduzir as massas de eucaliptais estendidas agora por toda a nossa paisagem. Estas, com turnos de cortas de 12 anos, não são eficazes como sumidoiros de CO2, consomem os nutrientes do solo e as águas do manto freático e são altamente inflamáveis. É necessário pular polas árvores caducifólias, muito mais eficazes nesta função.

2.- Lei de câmbio climático. Deveria abarcar um grande leque de ações como parar o urbanismo descontrolado que gera “ilhas de calor”, muito refugalho, extrai calcário (importante sumidoiro de CO2) e polui a atmosfera na produção de cimento. Paralisar as fábricas que queimam combustíveis fósseis e as Eletro-intensivas, como ALCOA. Mas isto, é possível? É difícil. Há importantes interesses em jogo: muitas famílias dependem do emprego que dão e há grandes multinacionais atingidas.

3.- Definir o caminho da descarbonização. Isto significa que só as fontes de energia renováveis são válidas: eólicas, fotovoltaicas, hidráulicas. De eólicas já se falou em Nós Diário. O processo de fabricação das células fotovoltaicas consome muita energia. São feitas de silício que se extrai do quartzo. Sua extração põe em risco lugares emblemáticos da Galiza como Ortegal, O Pico Sacro ou a Terra Chã. As areias que a cobrem contem este mineral. As mineralizadoras concessionárias querem destroçar toda esta comarca produtora de alimentos, oxigénio, rica em paisagem, história e auríferos. A energia hidráulica obtém-se alterando profundamente os cursos dos rios com barragens e perdendo-se muita biodiversidade e terra alagada, produtora de alimentos e riqueza.

4.- Lei de Câmbio Climático. É necessário contar com a Participação cidadã e justiça climática. As grandes empresas capitalistas, em conivência com os poderes públicos, não podem apropriar-se do território com a impunidade com que o fazem na atualidade e desde a época franquista. Ainda a Lei de “depredação” da Xunta de Galiza favorece as Indústrias extrativas e põe em perigo nosso património natural e cultural.

5.- Integrar a Transição energética na economia produtiva do país, pode ser a chave da possível solução do problema. Outra reconversão industrial. Isto pode ser nossa glória ou nossa desgraça. Se Galiza não tem força para fazer valer seus direitos, o seu território pode ser transformado num Grande Parque industrial de indústrias extrativas. A grave concentração de poder em Madrid, atua como um potente aspirador de recursos, que na Capital estão fortemente subsidiados (comboios de cercanias, eletricidade, regalias fiscais etc.). Para que a transição ecológica possa funcionar é imprescindível começar já com um programa de descentralização geral: do sistema energético, de transportes, e de recuperação de terrenos produtores de vida, não de cimento. Travar o urbanismo descontrolado que esvazia o agro. As cidades são grandes esbanjadoras de energia. Consumo perto da produção, o único caminho. Começar a Era da Economia do Bem Comum é a mudança indispensável. A única salvação do Ambiente, dos recursos e do Património em Galiza é uma política ativa de retorno ao rural. Recuperar a nossa peculiar maneira de espalhar-nos polo território. Substituir macro empresas por pequenas empresas. Potenciar os transportes coletivos, gravando os veículos privados e os aviões. Recuperarmos o sentido comum e a medida das cousas. Porque o sistema capitalista da globalização e os monopólios está descontrolado e é altamente lesivo para nossa casa comum, o Ambiente. É necessária a mudança de modelo, não de clima.

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