Opinión

Ridimoas: santuario de biodiversidade

Face ao grande deterioro da Terra em todos seus aspetos, qualquer iniciativa que procure a conservação da riqueza ambiental será  benvinda. Um destes santuários da vida é Ridimoas, um lugar de privilegio no concelho de Beade em Ourense. A gestão deste santuário de vida deve-se a Pablo Oitabem fundador e gestor da associação que conseguiu mais de 300 hectares para nelas recuperar os habitats originários, deixando regenerar a Terra. Nos territórios da floresta de Ridimoas leva-se conta permanente da saúde dos ecossistemas que ali encontram seu ninho. Que está relacionada com o resto do mundo. Assim por exemplo, constataram a desaparição de Aquilegia Vulgarae espécie da família das ranunculáceas que coincide com seu declive a nível mundial. Neste momento estão a cuidar duma pequena povoação de lagartos de cabeça azul, Lacerta schreiberi, espécie protegida em perigo de extinção que se encontrou criando ao pe do moinho do Barbanha. Um letreiro no caminho avisa, "não passar L. Schreiberi criando". Um espécime de Laurus lusitânica saúda-nos a nossa chegada ao rio na parte baixa do bosque.

O cuidado deste entorno precisa de muita atenção e observação permanente. Seu fundador dedica-lhe sua vida, com a colaboração de voluntariado ambiental. Nenhum motor entra na floresta. A carrega faz-se com ajuda da égua Mancha que segue fielmente a seu dono. Tudo neste lugar transmite-nos a ideia dum santuário. Um lugar para preservar a vida na sua diversidade, na sua luta pola existência, na permanência dos ciclos bio-geoquimicos que a caracterizam. Uma Aristolochia aparece a beira do caminho. Constata-se sua existencia e faz-se tudo pola proteger. Há lírios brancos que nascem a beira do rio. Sua floração vai ser dificultada pola sombra que projetam as árvores que lá nasceram de maneira natural. Escolhe-se sacrificar estas para que a luz do sol facilite a floração dos lírios.

Tudo lá está cuidado e nada se deixa ao abandono. Refugalhos de construção utilizam-se para reforçar as beiras do regato que bate com força contra o lado côncavo do pequeno meandro a causa de ter sido encanado sem ter em conta as consequências de mexer nos cursos de água. Tudo lá respira paz e harmonia. E os seres vivos que o habitam encontram seu lar.

Existem outros exemplos de custodia do território semelhantes a Ridimoas. Mas esta é pioneira e Galiza. E creio que em nenhum outro lugar o lar comum é tão mimado e cuidado como aqui. Na Eira da Xoana Adega tem casa e terras que se cuidam para lhes devolver sua vocação primigénia. Em total mais de 2 hectares no circundado da casa mais a meia hectare do Castro de Remonde ficam sob a nossa tutela. Ainda fomos gratificadas com terras em Friol e em Ames para serem custodiadas pola nossa associação, para as que está em processo senlhos projetos de custodia. Por todas partes aparecem iniciativas particulares que pretendem fazer santuários de biodiversidade como resposta a cobiça da caste governante. Esta, corrompida polos monopólios quer da energia quer da minaria ou da distribuição da alimentação consentem em oferecer o território, bem comum lar de biodiversidade, a estes monstros gerados polo sistema capitalista sem nenhum remorso. No passado mês de abril dezenas de cientistas espanhóis manifestaram-se face ao parlamento sob o grito "escutai a ciência", na primeira greve de cientistas a nível mundial organizada pela plataforma Scientist Rebellion. Deitaram pintura vermelha contra a entrada do Congresso para visualizar o crime de massa pela inação climática. Temos de ganhar esta batalha contra a cobiça que rouba do comum, contra a corrupção da caste política que entrega a Terra as grandes empresas monopolistas. E a hora de perguntar-nos quanto necessitamos de cada um dos bens de consumo que compramos (luz, água, roupa, viagens, etc.) e exigirmos valorizar o bem comum. Construamos santuários de biodiversidade ou ajudemos a quem os faz e se ocupa deles. Estaremos cuidando do nosso.

 

 

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