Opinión

Morreu na Corunha Salvador Mosteiro Díaz de la Rocha

Era filho dum dos fundadores das Irmandades da Fala: Salvador Mosteiro Pena. Seu ilustre pai foi activo participante no desenvolvimento da identidade da Galiza. A ele devese-lhe o Vocabulario das Irmandades da Fala, quer na sua elaboração e edição que pagou de seu bolso. Salvador Mosteiro é um dos assinantes do Manifesto da Asamblea Nazonalista de Lugo em que aparece assinando como secretário do acto. Foi também um dos fundadores da primeira A Nosa Terra e director deste jornal. Também articulista assinando como S.M.P. Como Presidente das I.F. da Crunha apoia crear um Partido Político que unifique as diferentes entidades do País: Autonomista, Republicano e Agrario. Sempre estivo presto para colaborar, ajudar e suster o movimento nazonalista galego. Era partidario de reintegrar o galego com o seu espaço linguistico natural, o mundo do Português. Seguramente pola amizade com Xoan Vicente Viqueira a quem frequentava na sua finca de São Vitorio em Vixoi. Na altura um foco cultural e intelectual de alcance internacional.

Mantivo muito boas relações com os intelectuais de Galiza de Espanha e de Portugal, nomeadamente com Teixeira de Pascoais. Tem escrito colaborações no jornal a Estrela do Lima reclamando uma maior conexão entre a intelectualidade galega e portuguesa. Fundou em Betanços a revista Rexurdimento em 1922. Ainda que a sua profissão era a medicina, sempre estivo apoiando e participando em qualquer movimento do nazonalismo galego. Como na organização do ato da homenagem a Castelao celebrado em Lugo em 1918. Salvador Mosteiro Pena participou das reuniões e conversas da Cova Céltica da Crunha e fundou em Madrid junto com Fermim Penzol a Mocidade Céltica. Pode-se dizer que conheceu e tratou ao mais salientável da cultura da Galiza, como Castelao, Otero Pedrayo os irmãos Vilar Ponte, os irmãos Correia Calderon, que fundaram em Lugo a revista Ronsel, etc.

Hoje deixa-nos o seu filho que leva o seu mesmo nome. Agromam muitas saudades perante a perda humana e também pola atual desconexão da Galiza com o nosso passado mais ilustre, mais revolucionário, criativo e conflitivo. Se calhar este passado e desconhecido para muitas pessoas da Galiza, mesmo para muito do professorado que leciona língua e cultura galegas. Que têm a responsabilidade da transmisão cultural da nossa história, da nossa fala e de nossa peculiar maneira de estarmos no mundo.

Eu lamento muito a perda de Salvador Mosteiro filho porque sinto que parte da história de meu país e da minha família vai-se com ele. Nos mantínhamos um trato familiar e afetuoso, como adoita ser na minha família. Ele era primo carnal de meu pai. Quero enviar desde estas paginas o meu mais sentido pêsames para sua esposa Fe, e para as suas filhas a quem desejo lembrar que procedem da estirpe que está na cerna dura da Galiza. Com elas participo da sua dor e também do futuro sorridente que , com certeza nos aguarda.

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