Opinión

Ecocídio. Terricídio

Qual a nossa responsabilidade com o património comum. O reconhecimento da lei do Ecocídio que criminalize o dano e a destruição dos ecossistemas, assim quanto a proteção dos povos indígenas, tem três traves mestras para incorpora-lo como crime internacional dentro do Estatuto de Roma.: jurídica, diplomática e movimentos de base  As irmãs do movimento de mulheres indígenas polo bom viver dizem basta de Terricídio . O 22 de março foi o dia de Ação global pola Terra comandado polo movimento indigenista de América. Com certeza, a Terra é de todos os seres vivos. É nosso Planeta , nosso lar amigo que nos fornece todo o necessário para a vida. O mandado bíblico de crescei e multiplicai-vos e enchei a Terra fica inscrito na nossa consciência coletiva da civilização ocidental dominada polas crenças monoteístas católicas, judaicas e islamitas. Essa filosofia implica uma ideologia de consentimento da depredação. Bem longe de outras como as do indigenismo de América, do Panteismo africano ou do Budismo oriental. Ainda, na moral labrega está inscrita a ideia de preservação porque o ser humano apreendeu logo que somente é produtiva a terra que se cuida. Para que nos dê sustento a nós e nossa descendência. As galegas somos indígenas. A civilização ocidental criando a revolução industrial, abriu caminho para uma explosão demográfica da humanidade sem precedentes. Isso pode ser considerado um êxito biológico, mas implica nossa gloria e nossa miséria.  Não há onde soterrar o lixo produzido polo crescimento sem fim. Não há natureza que baste para fornecer a eterna demanda de matérias primas, não há montes que cheguem para satisfazer a ambição de das empresas produtoras de electricidade. Não há mais petróleo nem carvão que queimar. O paradigma bíblico foi quebrado porque está a por em risco a sobrevivência de muitas espécies e também gerando grandes desequilíbrios sociais entre os seres humanos. Tão grandes como antes nunca tinha havido. O paradigma já não é a satisfação das necessidades para a vida e bem estar dos humanos, mas é para o crescimento constante e imparável das empresas que monopolizam os sectores em que se fundamenta a sociedade ocidental. Quanto de todo o que se produz é necessário? Quanto é preciso para a felicidade humana? Podemos ser felizes estragando os mares, os rios, as montanhas? Acabando com as pesqueiras artesanais dos habitantes da África? Acabando com o meio de vida dos habitantes da Amazónia?Acabando com os ecossistemas que se sustentam nas nossas montanhas? Eu creio que nom. Até onde chega a nossa responsabilidade? Temos a terra em empréstimo da nossa descendência. Recebemos dela o sustento vital com o que criamos uma cultura particular. Galiza é a nossa primeira responsabilidade porque é desta Terra que nos sustentamos por gerações e dela aprendemos os nossos cantos, os nossos risos e nossa maneira de estar no mundo. “Terrinha que nos criou” dixo Rosalia. Aqui é donde devemos e podemos começar a desenvolver o direito sagrado do cuidado. Ecocídio está já no nosso direito consuetudinário. As águas têm regime  de regantes. Os montes têm figura de mancomunidade, o ciclo da vida está já estabelecido desde os nossos antepassados neolíticos, por isso Galiza pode manter uma densidade de povoação superior a media peninsular. Ecocídio deve ser punido. Não se pode tirar do que não há. Não se pode extrair se não houver capacidade de reposição. O Plano Eólico atual que pretende acabar com os serviços ecos-sistémicos que nos fornecem as montanhas tem que ser paralisado. Porque em ecologia tudo está interconetado. A Terra mantém-se do pequeno, do solidário, do cooperativo. As macro estruturas são incompatíveis com o funcionamento saudável do Planeta. Onde irão os dejetos dos moinhos enormes e numerosos que se querem chantar nas nossa férteis terras? Como se substitui a perda de fotossíntese provocada por estradas, caminhos e desmontes? Como irão se repor as nascentes dos rios, das fontes e dos regatos pequenos? De onde sairá tanto cobre para as infinitas linhas elétricas necessárias para levar a eletricidade produzida. Desde as zonas de sacrifício como Galiza até os privilegiados centros de consumo? Este modelo não vale. Deitemo-lo abaixo em união com as nossas irmãs indígenas e criminalize-mo-lo como ecocidio porque ataca a Terra, nosso lar comum. No dia 5 de junho dia mundial do ambiente reunimo-nos em Compostela para dizer nom este modelo energético nom vale Podemos fazer outro com a colaboração social como indica a Lei do Ecocídio.

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