Opinión

Crise climática e o ano da pandemia generalizada

Os vaticínios apocalípticos da ecologia estão a ser cumpridos. O Planeta é um grande ecossistema que leva mais de 3.000 milhões de anos a funcionar mediante a auto-regulação. Quanto mais complexo é o sistema mais elos tem e maior rendibilidade alcança em seus processos e gera um mínimo de resíduos porque consegue reutilizar a maioria da matéria mobilizada. Uma plantação mono-específica pode parecer rendível aos olhos míopes da economia capitalista que procura ganância económica em pouco tempo. Um agricultor de milho quer uma grande extensão deste vegetal só para ter facilidade na sua colheita com grandes máquinas. Mas uma agricultora tradicional pode aproveitar o rápido crescimento do milho para que nele se enrosque uma planta de feijão. O feijão enriquece o solo em azoto, de maneira que este recupera parte dos nutrientes gastos em produzir o milho. E as pessoas têm dous alimentos num espaço reduzido sem que a terra fique empobrecida e já não precisa de adubos pesticidas nem ervecidas.

Precisa de mãos e de cooperação entre a vizinhança. Isto choca frontalmente coa agricultura industrial. O agricultor mecanizado vai rejeitar este método, mas os rios, a terra e o ar vão ter menos poluentes que os envenenem. Ganhamos em saúde. Num bosque caducifólio, próprio do nosso clima, as folhas caem cada inverno para deixar que o pouco sol que alumie possa chegar ao chão, em quanto elas agasalham-mo com sua lentura impedindo que as geadas o maltratem. Milheiros de bichinhos podem viver entre essa frouma para ajudar a incorporar nutrientes ao solo. O carbono fixado em troncos e raízes centenários compensar irá o teor de CO2 da atmosfera favorecendo o equilíbrio atmosférico. A biodiversidade dum bosque é um elemento essencial para manter a boa vida na Terra. Levou milheiros de anos a ser construída. Uma plantação de eucalitos estendida hectare após hectare elimina a biodiversidade. Não ajuda a fixar o CO2 e os incêndios que provoca ainda o aumenta mais. A pandemia mundial fez-nos pensar na Terra como um todo. Observou-se que as emissões de CO2 diminuíram no confinamento. Segundo a Organização Mundial de Meteorologia entre um 4,2% e um 7,5%, mas isto não faz com que o teor deste gaze diminua significativamente na globalidade. 2019 foi o ano mais quente em 140 anos, e o de maior concentração de CO2 em 800.000 anos. Maria Neira, diretora de Saúde publica da OMS, vê clara a relação entre pandemia e redução da biodiversidade. Yaron Ogen, MLU Halle-Wittenberg, demonstrou a correlação entre poluição atmosférica, movimento das massas de ar e mortandade pola Covid-19. Todos os sinais alertam para cuidar melhor da nossa casa comum: a Terra.

Precisamos matérias primas e energia para sobreviver. Na Galiza assistimos arrepiadas ao assalto do território polas grandes empresas: mineralizadoras, eucalitizadoras, elétricas. Estes empórios não têm cara, nem alma, nem critérios éticos de cuidado do comum. Para a instalação dum parque eólico é necessário movimentar milheiros de m3 de terra, alterar cursos de água, destruir património histórico e, como consequência expulsar das suas casas a pouca gente que ainda fica vivendo no rural. A carrega ambiental destas instalações devera ser partilhada por toda a sociedade achegando os centros de produção aos de consumo para evitar o tracejado de linhas de alta tensão de grande impacto ambiental.

E, como consequência, uma economia colonial. Este assalto está apoiado pola Lei de predação da Xunta da Galiza, que eliminou todos os requisitos de tempo, impacto ambiental e transparência para dar-lhe facilidades o capital de apropriar-se da nossa casa. Os fundos europeus para recuperação económica estão a ser utilizados pola Xunta para mais destruição ecológica, promovendo mais plantação de eucalitos, mais eólicos nos montes e mais canteiras a céu aberto. Assinando parcerias com as grandes empresas multinacionais. Temos que lançar um chamado de alerta a toda a povoação para parar esta insensatez da destruição do bem comum e a irreversível expulsão dos habitantes do rural para acumula-los nas cidades. As consequências vão ser nefastas e as crises sanitárias e económicas serão inevitáveis. A luta contra a pandemia focalizou-se em vencer o vírus, mas não a prever a origem desta. Qual foi normalidade que nos trouxe até cá? A que destruí os ecossistemas, que acelera o cambio climático, que acentua a desigualdade social e que se fundamenta num modelo económico insostível? Digamos não. Cómpre uma mudança de paradigma.

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