Opinión

Xosé Chao

Estes dias passados fez um lustro do passamento de Pepe Chao. Com ele se nos foram há cinco anos, com poucos dias de diferença, outros dois egrégios Xosés: Neira Vilas e Alvilares. Três bons galegos que não havemos de esquecer não só os que desfrutamos tanto da sua amizade e tanto aprendemos com eles, mas a história galega, pelo que lhe têm aportado a Galiza e à sua gente.

Pepe Chao desfrutou do justo reconhecimento dos galegos, como ensaísta e criador de valiosos projetos, sobretudo no eido da Igreja galega. Era cristão e galeguista, empenhado na enculturação da fé cristã nesta terra galega para que a Igreja galega fosse um verdadeiro espaço e caminho de libertação.

A nossa amizade foi longa e intensa pelo muito que compartimos juntos: sobretudo na revista Irimia. Esta foi a menina dos seus olhos, que alentou com ilusão desde antes de nascer; alguns dos seus primeiros números quase os fizemos ele e mais eu sós, na sua casa de Vilalva, quando eu vivia nas terras lucenses de “Trás da Corda”, a começos dos 80 do século passado.

Pode que seja muito dizer que as nossas foram “vidas paralelas”, e certamente fomos bem diferentes. Porém, o certo é que –ainda que ele com vinte anos mais que eu, e eu reconhecendo-o como mestre– as nossas vidas tiveram muito em comum: ordenamo-nos de curas e logo casamos justo aos 25 anos de tê-lo feito; ambos quisemos viver intensamente a nossa fé cristã, estudamos e afundamos na teologia e o pensamento, e fizemos uma aposta clara por uma teologia renovadora e uma Igreja comprometidamente galega. Ambos tivemos a “funesta mania de escrever” e publicamos muito, sobretudo em galego e desde o compromisso com Galiza; fizemo-lo em dúzias de livros e mais de mil artigos cada um, em meios populares e cultos; ele prologou o meu primeiro libro A xeracion Nós. Galeguismo e relixión, e até chegamos a ter livros com um certo êxito sobre o mesmo tema, como foram os nossos de ecologismo e cristianismo e, sobretudo, o de Prisciliano.

Obrigado, Pepe, pela tua amizade e pelo muito que nos tens dado a Galiza e a toda a humanidade.

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