Organizados pela rede temática Lijmi (Literaturas Infantis e Juvenis do Marco Ibérico e Iberoamericano) e pelo grupo IEL-C (Investigação em Estudos Literários e Culturais) do Centro de Investigação e Inovação em Educação da Escola Superior de Educação do Porto, reúnem investigadoras e investigadores de quatro países: Portugal, Galiza, Brasil e México.
As suas reflecções centram-se na relevância de escritores, obras ou movimentos com 100 anos para evidenciar a atualidade e juventude das suas produções para crianças e jovens, bem como o seu papel essencial na educação literária. Assim acontece com Sidónio Muralha, Mário Castrim, Clarice Lispector, José Mauro de Vasconcelos, Maria Enriqueta Camarillo ou Berta Von Glümer.
A participação galega vai pôr o foco na revista Nós e a intelectualidade vencelhada a ela. Armando Requeixo e Marta Neira, do Centro Ramón Piñeiro para a Investigación em Humanidades, introduzem este tema na sua comunicação, com a interação da irmandade luso-galega no ponto de mira. Isto leva-os a se ocupar, com uma exposição adaptada ao público não necessariamente familiarizado com a história da Galiza, do universo Nós e as conexões com o mundo luso.
Após uma contextualização, Neira detalha a esta cabeceira que divulgarão "autores fundacionais" como são na narrativa Camilo Díaz Baliño, Evaristo Correa Calderón e Xosé Filgueira Valverde, ou Álvaro de las Casas no eido dramático. Dada a escassa presença do formato libro na época, ocuparão-se também de peças recolhidas em publicações periódicas como a própria revista Nós ou A Nosa Terra, por exemplo na secção "Cousas para nenos" deste último.
Doutra banda, outra das achegas do Centro Ramón Piñeiro vem da mão de Carmen Franco e Xavier Cabo, que atenderam outro dos aspetos fundamentais, não sempre abondo reconhecidos, na LIJ: o da ilustração. A sua investigação elabora "uma análise dos paratextos da revista Nós", explica Franco em conversa com Nós Diario. Atendem assim os símbolos que acostumam aparecer, que têm uma ligação com a reivindicação nacionalista do grupo responsável da publicação. Aparece deste modo "a ideia oficial de país" com a que se trabalhava no momento, que se relaciona com a obra do pintor ferrolão Fernando Álvarez de Sotomayor.
As imagens que ilustram os artigos, os colofões ou as letras capitais, às que se sumam os estilos das publicidades (as mais habituais, as de Augas de Mondariz), configuram esa "linha visual moi estável" que caracteriza a revista, que teve após os primeiros números a mesma capa, com mínimas variações. Estes desenhos têm pegada nos ilustradores pioneiros da LIJ galega, pois são principalmente os mesmos autores. Franco refire obras canónicas como o trabalho de Díaz Baliño en Conto de guerra (1928) ou as ilustrações que acompanham Margarida a da sorrisa de aurora (1927), de Correa Calderón.
Dentro da programação também se apresentam uma série de publicações científicas na área da LIJ. Nas que partem de estudos galegos, atopamos Camiño e peregrinacións na LIX (Compostela no horizonte), que Neira coordena junto a Blanca-Ana Roig Rechou e Isabel Soto.
Neira comenta o enriquecimento que supõem para a investigação estes encontros, ao pôr em contacto diferentes identidades. Aliás, considera uma oportunidade fundamental para "espalhar polo mundo o que é a nossa cultura". Igualmente, Franco coloca esta cita como uma das datas que marcam metas de trabalho, um ponto de referência para o desenvolvimento dos estudos da LIJ galega. À partilha de experiências arredor dum tema comum que muda cada ano, suma-se a publicação posterior do resumo das diferentes achegas.