Debate na Assembleia da República

PS e os seus aliados da esquerda chumbam a moção de censura do CDS pelos incêndios

Bloco e PCP, mais que defender o executivo de António Costa, optaram por atacar a política florestal dos governos anteriores da direita.

AR
photo_camera Um aspecto do Parlamento português

Desde o incêndio de Pedrogão Grande até a recente vaga de lumes -paralela á sofrida por Galiza- o balanço de vítimas mortais pelos fogos ascendeu a por volta de cem pessoas. Isso criou uma situação politicamente muito difícil de gerir para o governo de António Costa, quem, embora se resistir em primeira instância, teve de ceder a cabeça política da sua ministra de Governação, Constança Urbano de Sousa, a responsável pelo dispositivo anti-incêndios.

Além da demissão de Urbano de Sousa, a crise resultou na formulação duma moção de censura a cargo do CDS-PP que lidera a ex ministra Assunção Crista. Esta iniciativa foi votada esta terça feira na Assembleia da República e, como cabia aguardar pela lógica política, foi chumbada ao ser votada em contra pelo Partido Socialista e pelos seus aliados da esquerda, o Bloco de Esquerda de Catarina Martins e o PCP de Jerónimo de Sousa.

A moção obteve 105 votos a favor (CDS-PP mais o PDS de Passos Coelho) e 122 votos em contra (PS, PCP, Bloco de Esquerda, Os Verdes e PAN).

Até há analistas que pensam que a moção reforça o governo a amostrar que a direita está em minoria na Assembleia da República e que, em contra, o PS continua a ter o apoio das formações de esquerda. Aliás, nem PCP nem Bloco se dedicaram no debate a defender a política florestal de António Costa -que advogam por mudar-, mais si a atacar as políticas florestais desenvolvidas pelos anteriores governos da direita.

Também não faltaram as críticas dos sócios a Costa. João Oliveira (PCP) questionou que o gabinete de António Costa não revertesse os "desinvestimentos" em políticas de prevenção devidas aos executivos anteriores da direita, enquanto que Catarina Martins (Bloco) disse ter visto o governo "impreparado" para fazer fronte aos lumes.

Em todo caso, o debate também não serviu à direita para projetar a imagem de divisão no seio da maioria parlamentar: por mais críticas que se lançaram a Costa por parte do Bloco e do PCP ficou patente que neste momento não existe nenhuma hipótese de a esquerda deixar cair o governo do PS para dar passo a um executivo conservador.

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