Opinión

Portugal, na desesperança

Portugal realiza eleições legislativas este domingo sob o signo da desesperança e a resignação.

 

Portugal realiza eleições legislativas este domingo sob o signo da desesperança e a resignação. Assim o reflete a reportagem que publicamos neste Sermos 165 e o artigo do jornalista Bruno Carvalho que a acompanha. As razões, a consciência social de que, ganhar a direita ou o PS, as políticas a aplicarem seriam as ditadas pela Troika. A esquerda real -a CDU e o Bloco- têm sérias hipóteses de aumentar a sua representação, mas a sua capacidade política -condicionada pelo tratamento que costumam receber dos meios- dista hoje muito de os situar em condições de disputar o poder.

A disposição do PS a aceitar o memorando -não muito diferente, aliás, à do Syriza- está fora de toda dúvida

A alternativa sistémica ao domínio da direita é um PS cujo único discurso crítico é responsabilizar o conglomerado PSD-PP de serem eles os que trouxeram a Troika ao país. Nisso esgotam todo o seu argumentário. A sua disposição a aceitar o memorando -não muito diferente, aliás, à do Syriza- está fora de toda dúvida. Os próprios banqueiros -as elites financeiras estão ultimamente muito ativas, como se viu também nas eleições catalãs- disseram por boca do seu porta-voz que tanto tem quem ganhar o 4 de Outubro, sendo que as políticas económicas que irão implementar não farão muita diferença.

Portugal, como Grécia, é hoje um país devastado por políticas anti-populares feitas ao serviço exclusivo do capital financeiro com matriz em Berlim e dos seus vigários nos distintos territórios. As forças do que o secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, chama a esquerda patriótica são as chamadas a irem construindo uma alternativa para o meio prazo que seja vista como verosímil pelas maiorias sociais dum país que necessita outras políticas para ter outro futuro.

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