O Parlamento apoia por unanimidade a tramitação da ILP Paz-Andrade

As quatro forças políticas votaram a favor da iniciativa popular. Porém, o PP exigirá na tramitação da norma que fique claro que o português é "uma língua estrangeira" e, portanto, o seu "estudo opcional"

A ILP Valentin Paz-Andrade será tramitada no Parlamento após a sua tomada em consideração no pleno desta segunda-feira. BNG, AGE, PSdeG e PP apoiaram a sua entrada na Câmara por unanimidade.

Porta-vozes dos grupos parlamentares puseram em valor a utilidade da proposta em termos económicos mas também sociais e culturais. Valendo-se, enfatizaram, da ligação "natural" da Galiza com a lusofonia, "laços", disse Xosé Carlos Morell em nome da Comissão Promotora, que "nunca deveriam ter sido rachados".

Desde o PP, embora apoiárom a tramitação da ILP salientárom que iriam introduzir mudanças no texto legislativo durante o debate parlamentar. Agostinho Baamonde frisou que a norma deve deixar claro que o português "é uma língua estrangeira" e que, portanto, "o seu estudo é opcional". Além disso, acrescentou o popular, o apoio de seu grupo à iniciativa quer deixar à margem o "debate sobre a regulamentação" porque o galego, disse ele, tem uma norma de seu que diz "respeitar"

Aliás, pôs em destaque que tudo o que diz respeito a emissão da rádio e televisão públicas portuguesas na Galiza é uma competência do Estado e "não da Junta", dando por suposto que previsivelmente o Governo espanhol se oporia a partilhar os canais entre ambos os países.

"Uma língua extensa e útil" 

Já o dizia Castelao no Sempre em Galiza. E assim o ressaltaram as forças parlamentares no plenário que teve lugar esta segunda-feira. A ILP "toca o cerne mesmo da nossa alma como comunidade política", salientou o deputado socialista Francisco Caamaño, quem insistiu, junto com o representante do Partido Popular, na importância de aproveitar a utilidade do galego como "elemento de vantagem econômica" contra "os concorrentes globais ". 

A lusofonia abre para a Galiza "uma porta para um mercado emergente" e uma "via universal", salientou o popular Agustín Baamonde, que chamou a "traduzir em algo tangível" a relação entre o galego e as diversas variantes do português que atingem a 250 milhões de pessoas em todo o mundo, desde Fisterra até Macau.

Ana Ponton (BNG) falou na lusofobia "como expressão da galegofobia" e criticou Feijóo por empregar o espanhol na sua recente visita a Portugal

"Temos uma excelente oportunidade para o reconhecimento e troca de experiências" com a lusofonia ressaltou o deputado da AGE, Xavier Ron. 

"Rachar com os preconceitos" contra o galego 

A deputada do BNG, Ana Pontón, defendeu em seu discurso a Iniciativa Legislativa Popular Valentín Paz-Andrade e disse que seu objetivo é ajudar a "criar ações em positivo" contra os retrocessos linguísticos sofridos na normalização de usos do galego após a chegada de Núñez Feijóo à Junta da Galiza. Neste sentido, a ILP pula entre outras questões a transmissão dos canais de rádio e televisão públicas portuguesas, o que geraria maior espaço na mídia para a nossa língua.

Mas também, disse Pontón, para rachar com os preconceitos em relação ao português - mas também da língua própria da Galiza - que, diz, "aninha nas fileiras do partido que governa". A nacionalista exemplificou esses preconceitos próprios da "lusofobia como expressão da galegofobia" nas imagens da visita de Núñez Feijóo a Portugal. O líder do executivo galego dirigiu-se às autoridades portuguesas em espanhol e usou em sua viagem uma pessoa intérprete para se comunicar com os dirigentes do país vizinho. "Em nome da austeridade bem poderia poupar os interpretes e falarem em língua galega com normalidade ", espetou a deputada do Bloque.

Comentarios