Opinión

Meirás pós-colonial. Um cenário para a construçom do “galeguismo” franquista

 

“…la Liga Armada Galega

y el Pazo de Meirás”.

Siniestro Total, Miña Terra Galega

 

No 5 de dezembro deste ano farám-se oitenta anos da entrega do paço de Meirás ao general Francisco Franco como botim de guerra. Carlos Babío Urkidi e Manuel Pérez Lorenzo proporcionam em Meirás: un pazo, un caudillo, un espolio, um minucioso trabalho genealógico para desmontar os mitos que continuam a rodear o paço: da verdadeira natureza da “doaçom” da propriedade à falsa imagem de austeridade castrense que pretendia dar nela o Ditador[1]. Também abre este documentado livro a possibilidade de linhas de investigaçom mui sugerentes, nomeadamente a do papel do paço enquando cenário central na construçom e reproduçom do imaginário “galeguista” do Ditador, no que é um capítulo mui pouco estudado dessa periódica apariçom dos contra-discursos regionalistas em chave essencialista, folclórica e reacionária, que visavam desputar ao inimigo, o soberanismo galego, os seus símbolos mais potentes. Ainda, algumhas das principais expressons desse contra-discurso “galeguista” anoam-se precisamente em Meirás, onde convergeram ao longo das décadas o “orientalismo” galego de Emilia Pardo Bazán ou a estratégia nacional-popular desse Manuel Fraga que nom hesitava em procurar em Gramsci armas para a batalha cultural.

 

Face o tópico do espanholismo burdo do regime franquista, tam verdadeiro quanto simplificador, paga a pena adentrar-se nas complexidades de um relato colonial que, como todas as relaçons de poder e de violência simbólica, nom se reduz ao despreço do “galego” e à sua repressom sem matizes. Falando como Foucault há que analisar também a positividade discursiva do franquismo galego, o “galeguismo” que elabora, ideia de galeguidade que constrói e, naturalmente, as imprescindíveis alianças que estabelece com as elites galeguistas no quadro desta estratégia. Com esta atípica perspetiva do franquismo, o piñeirismo e o fraguismo, o autonomismo, enfim, podem compreender-se num marco mais amplo, em que o próprio Francisco Franco já sentara importantes bases para essa narrativa do galeguismo “apolítico”. Manuel Rivas lembrava em El bonsai atlántico, ainda perplexo, como num dos seus últimos anos em Meirás, o Ditador acudira com a sua família a uns festejos folclóricos à Corunha. Num momento dado os gaiteiros começaram a entoar o Hino da Galiza e, para surpresa do jovem jornalista, Franco nom entrou em cólera, senom que arrancara a mover os lábios tarareando a letra de Pondal. Desse balbuceio vem muito que atualmente se entende por “cultura galega”, mesmo entre o nacionalismo de esquerdas.

 

A (auto)orientalista Pardo Bazán

 

“…es natural que la tierra nativa del Caudillo quiera hacerle

ostensible su reconocimiento, ofreciéndole un pedazo ilustre

de su suelo, ennoblecido porque en él compuso sus obras

literarias más renombradas la eximia escritora doña Emilia

Pardo Bazán”.

Dámaso Calvo, “Nuestra gratitud al Caudillo”, La Voz

de Galicia, 22/05/1938

 

O paço de Meirás chega às maos de Emilia Pardo Bazán por herdança e carregado já de fortes resonáncias simbólicas. Nom em vao, em 1809 os franceses prenderam-lhe lume em repressália polo destacado papel do avô da escritora, o liberal Miguel Pardo Bazán, como combatente na Francesada nas fileiras do Batalhom Literário, resistência aquela que foi reivindicada tanto como mito fundacional do galeguismo como do espanholismo. Ainda, na linhagem dos proprietários do paço aparece, em tempos nom tam recuados, um apelido de tanta impronta na mitologia nacional como o de Pardo de Cela.

 

Com estes antecedentes de pano de fundo, Meirás serviu –como os paços franceses ou ingleses- de cristalizaçom arquitetónica de umha ideologia e visom do mundo mui concreta, neste caso a de Dona Emilia, ativíssima agente na dessigual batalha cultural entre os projetos nacionais espanhol e galego, sempre atenta a neutralizar a cárrega política da literatura galega, levando-a ao estrito rego do regionalismo “bem entendido”. A partir de umha declaraçom de partilha dos lugares-comuns do galeguismo político (declaraçons de lusofilia nom praticante; exaltaçom do valor literário da “fala”; denúncia da aldraje histórica para com a Galiza, nunca recompensada por tanta contribuiçom à Espanha, et cetera), Pardo Bazán reelaborava essas reivindicaçons em chave regionalista, pois como ela mesma dizia: “Esto del separatismo regionalista es uno de los varios síntomas del sordo y latente pero inmenso malestar actual de la patria española. Con tres años de buen gobierno (que nunca tendremos probablemente) se acabaría”[2].

 

Pardo Bazán, que dirigiu em pessoa a remodelaçom do paço e desenhou os motivos de inspiraçom románica que talhárom os canteiros, descreve-se em algumha ocasiom trabalhando num quarto senhorial cuja janela nom dava a um jardim que imitava umha paisagem sem paisanagem, como os palácios ingleses estudados por Raymond Williams, senom aos próprios espaços de trabalho do campesinado:

 

“La celda en que escribo no da a los jardines, sino a la era: a la izquierda veo el hórreo inmenso y el palomar […]; a la derecha, el muro y la higuera […]; enfrente la puerta por donde sale el rebaño del ganado para ir a pastar al monte; y en el centro el pajar de paja triga, un inmenso montón de oro blando […]”[3].

 

Esta perspectiva, que é também unha perspectiva social, aprecia-se depois nas suas obras, como na passagem da autobiográfica La Quimera em que observa como os moços trabalham erguendo as medas de trigo, que volta repetir-se em Los pazos de Ulloa. A visom do mundo social de Pardo Bazán nom era, pois, a mesma que a da aristocracia rural inglesa que sonhava umha natureza sem trabalho camponês, como se o seu privilégio caisse diretamente do céu; tratava-se mais bem de umha elite que observava fascinada um mundo camponês do que já se isolara definitivamente e que se lhe aparecia carregado de exotismo, como indígenas “internos”. Pardo Bazán nom deixará de cultivar até à saciedade essa olhada colonial que contrapunha o espanhol, racional, estatal e nacional, ao galego sentimental, indígena e dialetal. Elogia o campesinado labrego, mas ao preço de que nom queeira passar do nível de bom selvagem, numha indissimulada estratégia de condescendência que teoriza explicitamente num artigo sobre Valentim Lamas Carvajal incluído em De mi tierra, “El olor de la tierra”, escrito numha tardinha em que se estava recostada no jardim de Meirás olhando para um moço labrego que estava a arar.

 

O Príncipe da Galiza. O antigo reino e o imaginário feudal

“El PAZO DEL CAUDILLO con la majestad de las torres

señoriales y el dilatado y frondoso parque, se ofrece a los

ojos de los visitantes com oun fantástico rompimiento

escenográfico”.

Toribio Pollán Nieto, alcalde franquista de Sada

 

Despois da morte de Dona Emilia o paço caiu em decadência, embora nom lhe faltassem inquilinos episódicos como Millán Astray, que veraneava nele, ou os próprios Bourbons durante algumhas visitas. Após o golpe de Estado fascista, a sua adquisiçom e entrega a Franco há que entendê-la no marca de umha estratégia da burguesia oportunista corunhesa (medrada com a súbita liquidaçom dos direitos laborais do proletariado e com os negócios sujos da guerra como o da venda de volfrámio aos naxis) por ganhar a capitalidade estival do Novo Estado para a Corunha, beneficiando-se desse jeito de umha assegurada proximidade do Ditado que os tornaria cortesaos aventajados, objetivo finalmente conseguido e que também tivo importantes consequências culturais: do torneio Teressa Herrera de futebol –e a relaçom subalterna do Deportivo da Corunha com o Real Madrid- a certa orientaçom da música tradicional galega.

 

No quadro dessa estratégia para conseguir a capitalidade estival é mui interessante comprovar como, à par das extorsons económicas para adquirir o prédio, estas elites franquistas foram elaborando um discurso que dava sentido ao paço de Meirás dentro de umha narrativa “galeguista” e mediavalizante do franquismo. Os tropos dessa ingente construçom discursiva nom foram outros que os da vindicaçom historicista galeguista despojados de seu núcleo político: Franco apresentava-se como a enéssima encarnaçom dessa linhagem da nobreza galega que se destacou como socia fundadora e maioritaria de Espanha (“Galicia madre de España”, escreverám num desses artigos do jornal El Compostelano), protagonista principal primeiro da Reconquista, depois da colonizaçom da América, e mais recentemente na Francesada. Os mesmos que empreenderam um genocídio contra o “separatismo” insistiam agora nas glórias do velho Reino de Galiza, e mesmo se permitiam citar aquela famosa exortaçom de Wellington do “Espanhóis: dedicade-vos a imitar os inimitáveis galegos”.

 

A fantasía nobiliária do Ditador, representando entom como um Senhor da Galiza que contempla a sua terra entre as almeias da torre, atingiu o seu ponto mais alto quando a finais de setembro de 1938 os seus admiradores promovem um abaixo-assinado para nomeá-lo oficialmente com o título de Príncipe da Galiza, dando conta o jornal La Voz de Galicia de que já levavam quinze mil assinaturas para umha proposta que, depois, foi decaindo até ficar no esquecimento.

 

A potência das imagens que se queriam cenografiar deu o salto, anos depois, do teatro de Meirás ao cinema de todas as salas do estado, no filme emblema do chamado “cinema de Cruzada”, o Raza de José Luis Sáenz de Heredía, do qual Franco assina o guiom mediante o pseudónimo de Jaime de Andrade, em linha com as suas fantasias aristocráticas galaicas. No filme, fiel espelho do imaginário de Franco, traceja-se através da vida de umha família galega desde a morte do pai no desastre de 1898 até à vitória dos golpistas em 1939 umha metáfora da decadência e reestabelecimento do Império Espanhol. Esta apologia franquista, com tropos como a demonizaçom da política ou a contraposiçom da seridade marcial face à frivolidade burguesa, já contém um forte galeguismo sentimental desde as primeiras sequências: o barco que entra na ria à volta da aventura americana; o som das gaitas; as crianças a falarem com um acusado sotaque galego; os diminutivos (“mi nietiño…”); os paisaninhos como encarnaçom do bon sauvage face o obreiro revoltoso; e, naturalmente, o paço e a linhagem, ensinada aos descendentes através dos livros que recolhem a intervençom do patriarca Dom Cosme Damián Churruca naquela batalha de Trafalgar em que, também, ondearam bandeiras galegas.

 

“O Paciño”. Um ditador sentimental

 

“-Queridos paisaniños…

La emoción fue tan intensa, el momento fue tan emotivo, que

el Genralísimo visiblemente emocionado, no pudo continuar

sus palabras. La masa humana prorrumpió en tales vítores,

tales aclamaciones, tales frases de encendido amor y

entusiasmo, que se confundían en un formidable y

estremecedor vocerío […]

-¿Sabeis porque no vine antes a El Ferrol?

El Pueblo preguntó:

-¿Por qué?

-Porque –contestó el Caudillo- quise traer la victoria.

Los gritos de Franco, Franco, Franco, ahogaron las últimas

palabras del Caudillo”.

El Compostelano, 22 de junho de 1939

 

Nesse imaginário cruzado o senhor volta ao lar matricial para achar o merecido descanso do guerreiro, acarom da proteçom religiosa do seu padrom, o Santiago Apóstolo, e do calor familiar. Os estereótipos coloniais da Galiza sentimental, minuciosamente estudados por Helena Miguélez-Carballeira, jogam um papel importante na cenografia de Meirás. Como sucedera com tantos filhos das monarquias medievais enleadas em guerrear no Sul com os mouros da Hispánia, o Ditador entenderá a sua Galiza natal, idealizada como refúgio das essências bondadosas do povo-em-si e afastada de todo o influxo estrangeiro das perversons judaico-maçónicas, como o lugar ideal para a educaçom da sua filha, Carmen Franco. Durante esses estios no paço a pequena é agasalhada muitas vezes como exemplares do traje tradicional (“um vestido típico de gallega”, como lhe chamavam nas crónicas jornalísticas), com os que para a câmara diante dos elementos mais engebres do paço: rezando junto ao cruzeiro, afalando às vacas com umha vara… Carminha Franco, ora et labora, representava em todo o seu esplendor a galeguinha estereotipada como devota e trabalhadora que nada quer saber dos assuntos da política de que já se encarrega o paizinho da naçom. As estampas parecem tiradas do imaginário costumista dos quadros de Fernando Álvarez de Sotomayor, insigne pintor envolto na direçom da Junta Pro Pazo. Umha imagem bucólica do galeguismo franquista que nada tinha a ver, com a realidade que podia representar a sua vizinha, a senhora Josefa Portela, labrega, mae e militante do sindicato da paróquia do CNT, viúva a consequência da revolta de 1935 contra a despossessom de terras a maos dos herdeiros do paço (o “Meirás Rebelde” da Solidaridad Obrera), e cuja morada lindante com o paço expropriaram atráves de extorsons para aumentar os terrenos da finca quando já pertencia ao Ditador.

 

Entretanto, Carmen Franco exercia gostosamente como “galeguinha” durante as férias de verao. Galeguinha, sim, mas das que tenhem paço. Dentro dos jardins de Meirás, e contra a cacarejada ideia da austeridade do Ditador, a família Franco ordenou a construçom de umha sorte de casa de jogos para a nena: “O Paciño”, tal e como rezava o letreiro que lhe pugeram à entrada. Eis o diminutivo, a vaquinha, a gaitinha, a Galiza sentimental, “feminina” e submisa que sonhava a Ditadura.

 

O paço de Meirás, enquando centro dessa antiga Galiza entendida como lar matricial hispano e retaguarda para a criança dos infantes, voltará a aparecer com a adopçom política por parte do Ditador de Juan Carlos. Depois de que em 23 de julho de 1969 o Bourbon declarasse solenemente perante as Cortes que “recibo de Su Excelencia el Jefe del Estado y Generalísimo Franco, la legitimidad política surgida el 18 de julio de 1936”, o Ditador procedeu imediatamente a levar o seu sucessor à Galiza em cumprimento das cerimónias de rigor, sobrevivências rituais da antiga centralidade do Reino e das suas linhagens no contexto hispano. Juan Carlos de Bourbon, designado já como sucessor de Ditador, e Sofia de Grécia, aterram em Alvedro em agosto de 1969. Após recebirem a bençom do Santiago Apóstolo junto com o casal Franco Polo, no dia 13 pola tarde dam um passeio marítimo a bordo do Azor, momento que deixará para a posteridade umha das imagens mais fortes da representaçom colonial da Ditadura. Filmada polo NO-DO, um grupo de mulheres ataviadas com o traje tradicional galego achegam-se numha gamelinha ao iate da realeza, agasalhando-os com umha oferta floral. Remite às mais fortes imagens coloniais dos Mares do Sul, mas era na costa de Sada.

 

Amante à sua maneira, como Fraga, da música galega, polos jardins de Meirás desfilaram perante Franco multitude de coros tradicionais, alguns de profundas raízes galeguistas e reivindicativas até o genocídio de 1936. Ao paço foram tocar e render obrigada pleitesia, entre outros, o Toxos e Flores, Cántigas da Terra ou o Cuarteto Os Mariñás, ao mesmo tempo que o “Coros y Danzas” da Seçom Feminina da Falange incrustava a simbologia falangista na cultura popular, de maneira que ainda hoje fica muito vermelho e preto (cores, por sua vez, usurpadas pola Falange ao anarcosindicalismo” nos trajes tradicionais galegos. Em paralelo com estas manobras de pirataria simbólica no campo da música, o paço foi acolhendo pouco a pouco os botins patrimoniais dos saqueios que a família Franco ia efetuando polo país adiante nas suas visitas. Ao agora mais conhecido caso da apropriaçom do Abraham e Isaac do Pórtico da Glória, há que somar outros como o despece da Torre de Bendanha para a reforma de Meirás ou as pias de Moraime. Ainda, a outra residência corunhesa da família Franco, a Casa Cornide, pertencera precisamente ao ilustrado José Cornide, reivindicado polo nacionalismo como precursor. O interesse da Ditadura polo património cultural galego, alvo de inúmeras agressons durante aqueles anos, era um interesse descaradamente privado, mas que também lhe serviu para cultivar essa peculiar imagem de galeguidade.

 

Perbes ou um Meirás para a “democracia”

 

Assíduo aos Conselhos de Ministros da Ditadura em Meirás, Manuel Fraga Iribarne demonstrou ser um pupilo aventajado de Franco quando –como di Jaureguizar- voltou das Cruzadas na Carreira de Sam Jerónimo para ocupar-se de reger o Reino da Galiza. Como nom ver no chalet de Perbes a influência de Meirás? A estética galeguista do franquismo era palpável nesse cenário privilegiado da estratégia fraguiana, que mesmo compartiu com o Ditador o gosto polo pio latrocinio de peças importantes do património galego. Em 1981 o Museo Arqueológico de Ourense andava à procura do valioso peto de ánimas da freguesia verinesa de Tamaguelos, sem que o seu crego, o mui nacional-sindical Felisindo Rodríguez, desse nengumha explicaçom convincente. Quando em 1983 a revista ¡Hola! Publicou umha fotografia de Carmen Estévez, a dona de Fraga, posando no seu jardim de Perbes diante do peto, a surpressa em Tamaguelos deveu ser maiúscula[4].

 

Para estudar o populismo de Fraga resulta tam importante a imprensa do coraçom como os discursos oficiais ou a letra imprensa. O posado da sua dona na ¡Hola! nom foi um feito isolado, senom tam-só um episódio mais de umha estratégia que o ex – ministro de Franco nom cansou de repetir com sucesso, e para a qual Perbes foi o melhor cenário. Ali convidava todo tipo de gente da jet-set, jornalistas do coraçom e fotógrafos, sempre fotógrafos, para deleitá-los com os seus espetáculos de fascista que também sabia ser simpático e pressumia de ser um grande mestre da queimada, habilidades que o tornavam, como o gaiteiro de Rosalia, o rei daquela festa de galeguidade. Que o chalet se reconstruisse com “fundos reservados” após o ataque do EGPGC, em vésperas do desembarco de Fraga na Galiza autonómica, demonstra até que ponto continuava a lógica de Meirás em Perbes: o pessoal como assunto de Estado, o público como gestom privatizada.

 

 

Notas a rodapé:

[1] Carlos Babío Urkidi e Manuel Pérez Lorenzo, Meirás: un pazo, un caudillo, un espolio, Fundación Galiza Sempre, 2017.

[2] Emilia Pardo Bazán, De mi tierra, Vigo, Xerais, 1984 (ed. original de 1888), p. 46 n. 25.

[3] Emilia Pardo Bazán, “Apuntes biográficos”, em: A. Mª Freire López, “La primera redacción, autógrafa e inédita, de los Apuntes “autobiográficos” de Emilia Pardo Bazán”, Cuadernos para Investigación de la Literatura Hispánica, nº 26 (2001): 305 - 336.

[4] Xan Carballa, “De Abraham e Isaac a Sócrates e Valle – Inclán, Luzes nº 55, abril de 2018, pp. 26-30.

 

 

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