Haddad não consegue criar uma frente anti-Bolsonaro

Apenas uma milagre política muito improvável poderia barrar o ascenso dum político homófobo, misógino, racista e ultra-direitista à presidência do gigante da lusofonia. Após o seu esmagador triunfo no primeiro turno, Jair Bolsonaro defronta a segunda volta com todas as hipóteses de vitória face o cartaz do PT, Fernando Haddad. Eis un extracto da peza publicada no número 318 de Sermos Galiza.

2Nove de outubro. Brasilia. O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) reúne sua direção para fixar o sentido de voto da formação no decisivo segundo turno das eleições brasileiras. A primeira volta foi um autêntico desastre para os tucanos, a formação de Fernando Henrique Cardoso, figura central na vida política brasileira das últimas décadas e presidente do país durante o período 1995-2002. O domingo 7 de outubro, e com o seu candidato Geraldo Alckmin à frente, o PSDB apenas obteve 5 milhões de votos, só 4,76 por cento dos emitidos, a anos luz do grande triunfador, o ultra Jair Bolsonaro, respaldado por 49 milhões de brasileiras e brasileiros -46,03 por cento— e até de Fernando Haddad, a aposta de Lula, quem atingiu 31 milhões, 29,28 por cento. 4,76 por cento é pouco. Muito pouco. É um voto residual numa eleição presidencial. É um voto para se demitir Alckmin e toda a direção com ele.

Mais se esse 4,76 por cento do voto acabase respaldando a candidatura de Haddad no segundo turno, a se realizar o domingo 28 de outubro, poderia vir a incrementar sensivelmente as opções do candidato do Partido dos Trabalhadores de derrotar contra o prognóstico o novo emblema da reação mundial, o ex capitão do exército brasileiro e apologista da ditadura militar Jair Bolsonaro.
Esse 4,76 por cento decide, pode decidir, as eleições no quinto país mais povoado do planeta.

Porém, essa cimeira do PSDB trouxe más notícias para o Haddad. Os tucanos decretavam uma pretensa neutralidade no decisivo segundo turno. Seus votos como partido nem iriam para o democrata Haddad nem para o filo-fascista Bolsonaro. Na realidade, a maior parte dos quadros do partido trabalharão para uma vitória do candidato ultra. E não quadros quaisquer, até também um dos seus dirigentes mais proeminentes, o alcalde de São Paulo ,João Doria. Quanto à vaca sagrada da formação, o conhecido como FHC, as notícias foram algo melhores para o PT. Cardoso disse que não apoiaria Bolsonaro, mas isso não o levou automaticamente a aderir a candidatura de Haddad: “Quero ouvir primeiro. Não sei o que vão fazer com o Brasil. O Bolsonaro pelas razões política está excluído. O outro eu quero ver o que ele vai dizer”.
 

[Podes ler a peza íntegra no número 318 de Sermos Galiza, á venda na loxa e nos quiosques]

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