Opinión

A FIFA recoloniza o Brasil. Período: Fifocracia.

Pois é. Acreditem se quiser, mas estamos vivendo um período de recolonização do Brasil. Ainda que temporário, desta vez o processo de povoamento está sendo feito através da Copa do Mundo. De 12 de junho a 13 de julho de 2014, não seremos mais uma República Federativa Democrática.

Pois é. Acreditem se quiser, mas estamos vivendo um período de recolonização do Brasil. Ainda que temporário, desta vez o processo de povoamento está sendo feito através da Copa do Mundo. De 12 de junho a 13 de julho de 2014, não seremos mais uma República Federativa Democrática. Monarquia? Também não, obrigado. Ditadura? Quase lá! Mas ainda faltam alguns degraus. Que tal Fifocracia? Este neologismo tem origem no grego fifokratía que é uma palavra composta por fifo (que significa Fifa) e kratos (que significa poder). Neste sistema político, o poder é exercido pela própria Associação (Fifa), através de suas próprias leis, criadas pelos próprios dirigentes, em benefício deles mesmos.

"De 12 de junho a 13 de julho de 2014, não seremos mais uma República Federativa Democrática. Monarquia? Também não, obrigado. Ditadura? Quase lá! Mas ainda faltam alguns degraus. Que tal Fifocracia?" 

Tão absurda quanto esta palavra que acabei de criar é a situação que os brasileiros viverão neste período de recolonização. Dilma Rousseff, a Excelentíssima Senhora Presidente da República Federativa do Brasil, fez o papel da madrasta malvada: colocou a população ajoelhada no milho, refletindo no cantinho da bagunça, para aprender a obedecer o sistema. Medida drástica para uma população rebelde que só clama pelo que lhe é de direito. O que isso quer dizer? Eu explico em dois simples exemplos que extrapolam o bom senso e a soberania de qualquer país que não tenha o futebol como religião.

1. Desde 2007, um acordo assinado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e pelo CNPG (Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais da Justiça), proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádios brasileiros. A medida faz parte do Termo de Adendo ao Protocolo de Intenções, assinado pelas entidades, que busca prevenir a violência em estádios. Em 2010, a Lei federal nº. 12.299 engrossou o coro na proibição de bebidas alcoólicas. 

Mas, no período da Fifocracia, que tem como patrocinador oficial uma marca de cerveja americana, a cachaça foi liberada. O acordo, a Lei federal e a soberania do país foram para o lixo como qualquer chorume que se preze.

"A FIFA (que vai faturar com este evento no Brasil cerca de 10 bilhões de reais) proibiu os cidadãos brasileiros de se manifestarem, em território nacional, contra os gastos do governo que chegam aos 33 bilhões de reais, já que o país está custeando 85,5% das obras"

2. A FIFA (que vai faturar com este evento no Brasil cerca de 10 bilhões de reais) proibiu os cidadãos brasileiros de se manifestarem, em território nacional, contra os gastos do governo que chegam aos 33 bilhões de reais, já que o país está custeando 85,5% das obras relacionadas ao evento, com dinheiro dos governos federal, estaduais e municipais. A ordem para quem abrir a boca num raio inferior a “x” quilômetros delimitados pela FIFA é spray de pimenta na cara e bala de borracha pelo corpo, com direito a bombas de gás lacrimogêneo e detenção por desacato e perturbação da ordem pública. Ordem pública, leia-se, futebol.

Não caberia num simples artigo listar tantas outras aberrações, sob pena de virar um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso ou será Terrorismo Com Cidadãos?). 

Seguiremos no período da Fifocracia. Enquanto uma parte da população está satisfeita com os jogos e, em coma induzido, torce fervorosamente para a seleção brasileira e pouco se importa com o que acontece ao seu redor a outra parte (e nesta eu me incluo) permanece inquieta, descontente e reivindicando para que um dia, quem sabe, o Brasil volte a ser uma República Federativa, com a verdadeira democracia no sentido grego da palavra, onde o poder está de fato nas mãos do povo. 
Porém, temo, entretanto, que enquanto carregarmos este estigma de colonização, existirão zumbis que jamais encontrarão o caminho do primeiro mundo. Egoistamente, eu encontrei o meu.

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