Feijoo privatiza serviços públicos atacando os salários indiretos

Vivemos na sociedade da apariência. Muitas das nossas decissões quotidianas são tomadas em função da contingência mental na que nos situam as mensagens prevalentes e difundidas desde os alto‑falantes mediáticos predominantes, sem aprofundar na realidade subjacente aos fenómenos sociais. Somos refens da superestrutura ideológica imperante que estabelece as normas do consenso social e até demarca os limites do disenso. Eis un extracto da análise publicada ao respecto no número 363 do semanario en papel Sermos Galiza
[Imaxe: Galipedia] Hospital Álvaro Cunqueiro de Vigo
photo_camera [Imaxe: Galipedia] Hospital Álvaro Cunqueiro de Vigo

Asolagando baixo essa maré de tendenciosidades informativas, chegamos a dar por bom qualquer boia salva‑vidas que se nos atire desde a mesma nau que nos lançou à deriva. Até acreditamos na ilussão de um capitalismo de “rosto humano”, que renúncie a sua finalidade lucrativa e que permita conseguirmos a desaparição da pobreza e das desigualdades sociais. Grande erro. O celme do capitalismo é a acumulação continuada de capital. As crises são provocadas pela queda tendencial da taxa de lucro que paralisa o investimento produtivo, destrue emprego, desvaloriza a força de trabalho e impulsa um novo giro a porca da “austeridade”, que sempre sofrimos exclussivamente deste lado do cenário. Qualquer medida que ouse impugnar o roteiro de acumulação  ampliada bate de frente com a própria lógica do capital. Daí as rebaixas e concesões dos modestos programas da socialdemocracia, que remata por desmovilizar à classe trabalhadora, quando accede ao poder político.

m5_PrivatizacionDesde os anos setenta do passado século diversas iniciativas financiadas por importantes grupos empresariais transnacionais recolheram e impulsaram as teorias hoje agrupadas baixo o que conhecemos como “neoliberalismo”. Promovem‑se think‑tanks, financiam‑se instituições do ensino universitário e publicam‑se numerosos informes e estudos que recomendam implementar as políticas económicas que interessam o capital e criticam o modelo do estado do bem‑estar funcional desde os anos quarenta. “Monetaristas” e “austriacos” são encumiados, tambêm no ámbito das  universidades privadas mais prestigiosas, para assentar não apenas mais um paradigma económico, senão o único supostamente válido hoje.

O seu objetivo é a procura de novos espaços para obter mais‑valor reduzindo os custos laborais e minorando a despesa social. As privatizações e as reformas laboral e tributária tornam‑se em mecanismos que provocam o aumento da desigualdade social, uma distribuição mais regressiva da renda e aumentam o desemprego para presionar à baixa os salários.

Reforçam assim a função do estado como garante do processo de acumulação capitalista, embora erodam a sua própria legitimação assentada nas políticas sociais, e reduzem a economia a uma disciplina de gestão, técnico‑engenheril, profusamente formalizada em  modelizações matemáticas de escasso valor preditivo, que não ressistem o mais mínimo contraste empírico. Condenam a economia a um papel meramente propagandístico e apologético das bondades da “liberdade” económica. Tencionam justificar sua ideologia através de equações.

Um verdadeiro asalto à mão armada

Os serviços públicos não são nenhum presente, derivam do apoderamento popular resuldado do confronto social de classe e constituem salário indireto na sua condição de serviços essenciais de oferta pública. Ante a queda da rendibilidade do capital na validação dos seus produtos e serviços nos mercados, é que são percurados novos cenários de valorização antes inexplorados. Os activos e serviços públicos básicos, para viver dignamente e compensar a exploração laboral, são alvo a alcançar pelos capitalistas. Um ataque amparado pelo controle burguês das próprias instituições do estado e legitimado baixo o guarda‑chuvas da superestrutura ideológica. Mais uma vez torna‑se  patente a coerção do estado para avalizar o acrêscimo de capital: do combate ideológico à repressão frontal das actividades do movimento trabalhista. Um verdadeiro asalto à mão armada ao património de todas e todos. 

[Podes ler a peza íntegra no número 363 do semanario en papel Sermos Galiza, á venda na loxa e nos quiosques]

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