Opinión

Duplo aniversario

Este 30 de outubro celebramos um duplo aniversario especialmente feliz e salientável nas Letras Galegas: o centenário da aparição da revista Nós e o 110 aniversário do nascimento de Ricardo Carvalho Calero, homenageado este ano e que se converteria ainda jovem num dos seus mais ativos colaboradores.

Nós (1920-1935) é a mais egrégia das publicações galegas, com 144 números publicados. Ainda que alcançasse menos números e anos de publicação que outras revistas galegas culturais de formato semelhante, como Grial –a sua sucessora, com 226 números e setenta anos de publicação ininterrompidos– ou Encrucillada –com 218 e 43 anos–, e muitos menos que A Nosa Terra ou Irimia –revistas de formato mais jornalístico com mais de mil números cada uma–, Nós é uma publicação imprescindível que marca um antes e um depois na história da cultura galega, pelos seus colaboradores e os seus conteúdos.

Foi o ponto de encontro e espelho de prestígio dos intelectuais galegos do seu tempo; como Castelao, Otero, Risco ou Cuevillas, e os maiores poetas galegos do seu tempo como Cabanillas ou Noriega. Nela escreveram pensadores, científicos, jornalistas, ensaístas, poetas, economistas, artistas, curas e os profissionais mais diversos. Estavam unidos pelo comum amor à cultura galega, no afám de sentar as bases do ressurgimento de Galiza na sua cultura, a sua língua e na sua organização política e económica.

Carvalho Calero dedicou ao grupo “Nós” un longo capítulo (53 páginas) na súa Historia da Literatura). Ele já figurava entre os mais ativos colaboradores de Nós, chegando a ser um dos que publicou mais trabalhos (27, sem contar os “Suplementos”); mesmo mais que Castelao, um seu grande amigo. Os colaboradores com mais publicações na revista foram: Risco –diretor– e Otero –da equipa de redação– (com 87 c/u), Cuevillas –também da redação– e Bouza-Brey (com 70 c/u). As publicações de Carvalho trataram crítica literária, história da literatura e antropologia, ademais de poemas e relatos breves. A sua primeira publicação –com só 18 anos– abria o nº 49 (1928) e levava por titulo “Deus”, que apontava já a sua veia mística heterodoxa.

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