Opinión

Acabaram as eleições, ardem as carvalheiras

No dia 19 de julho, uma pequena carvalheira do Corgo, perto de Lugo, ardia sem sabermos como tinha começado. As carvalheiras eram as massas florestais características da Galiza. Mas estão desaparecendo com grande rapidez. Nelas sustenta-se uma grande biodiversidade, colaboram com a saúde ambiental da terra ao regular o ciclo da água e formar solo fértil baixo sua frouma. Temperam o clima e fornece-nos de grande riqueza biológica e de produtos naturais. Na zona da Ulhoa cortam carvalhos a feito todos os dias, para serem substituídos por plantações de eucaliptos. A lei impede esta prática, mas as leis, neste país, estão para serem saltadas ou serem observadas seletivamente. Para alem de leis há o sentido comum. Não é sensato que o nosso território esteja a ser invadido de eucaliptos como se não houver um amanhã. E assim será se continuarmos com esta prática suicida.  No preâmbulo do Plano Florestal Galego (Pendente de aprovação) observa-se que existe um excesso de eucaliptos de maneira que se superou a superfície prevista para 2032 (245.000 ha) até mais de 550.000 ha. Pior ainda: todas as luzes se nos acendem ao sabermos que este Plan propõe incorporar 35.000 ha de E. nitens às 500.000 existentes para chegarmos, segundo R. Varela, as 600.000 ha. Aproximadamente 30% do território galego será um eucaliptal! A simples observação indica-nos como a massa de eucaliptos aumentam, em quanto foram diminuindo as de frondosas. Investigadores como Adolfo Cordero mostram como os eucaliptos fazem diminuir dramaticamente a biodiversidade dos rios e nós podemos comprovar como desaparecem os cantos dos pássaros se passeamos em baixo dum eucaliptal. A cadeia alimentar dos ecossistemas fica interrompida porque as folhas dos eucaliptos são tóxicas para a maioria das espécies. Representam um grave atentado ecológico, nomeadamente nessas imensas extensões mono específicas em que se adoitam plantar. Os eucaliptos absorvem uma grande quantidade de água em pouco tempo. Proporcional ao seu alto ritmo de crescimento. E são cortados em turnos de 11 ou 12 anos, para voltarem ser plantados no mesmo lugar. O solo que é a camada cultivável da terra, não da recuperado os nutrientes que aportou para fazer os seus corpos e a água também não. São facilmente inflamáveis e o fogo estende-se rapidamente através deles. Estão adaptados para sobreviverem aos incêndios. É a sua condição: Serem espécie pirófitas. São aceleradores do câmbio climático por este sistema de cortas em quendas tão curtas seguida de “terra valdeira”. Porque não podem funcionar como depósitos de carbono. As fragas de caducifolios com árvores antigas sim funcionam como capturas de carbono, pois guardam-o em toda sua estrutura (quase a metade da sua matéria seca é Carbono, construida com o CO2 retirado da atmosfera pola fotossíntese) para alem de alimentarem os diferentes elos das cadeias tróficas, ajudando à circulação de matéria e energia dos ecossistemas. Funcionam como caixas de aforros, em quanto os eucaliptais monoespecíficos talhados a feito cada 12 anos, funcionam como aqueles bancos que gastaram mais do que tinham e provocaram o desastre económico de 2008. O Pedregal de Irimia, um lugar emblemático da nossa cultura e do nosso ambiente, está inçado de eucaliptos, comprometendo gravemente o caudal global do rio Minho e sua saúde. Normalmente as massas florestais são boas fornecedoras de água e de humidade para o solo, mas não é este o caso dos eucaliptais. As pessoas que plantam eucaliptos têm um rendimento económico fácil, porque o governo galego, em conivência com Ence, promove a sua plantação. Mas no preço não vai incluso o valor do dano ambiental, social e ético que ocasionam, e no que se fundamenta a Economia do Bem Comum. Que caro nos sai, ao conjunto da sociedade , os ganhos dos proprietários de eucaliptos! Como pensam compensar-nos? Esta prática destrutiva da natureza nunca vai acabar se não mudar a política florestal da Xunta da Galiza. Infelizmente ganharam as eleições a mesma gente que é responsável pola desfeita ambiental que denunciamos. Ainda, desde a razão, a cultura e o pensamento lógico, as cousas podem ser mudadas se pomos esforço, união e critérios coerentes. E reclamamos o que é de todos nós: o bem comum.

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