Bild revela que o Exército alemão utiliza desde 2011 o sistema de espionagem denunciado por Snowden

A chanceler Angela Merkel mentiu à opinião pública alemã e internacional quando disse que não conhecia o programa PRISM de espionagem norte-americana, uma vez que o exército alemão já o utiliza desde 2011, revela o jornal alemão Bild.

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Por seu lado, os serviços secretos alemães (BND) forneciam à NATO os números de telefone que deveria controlar, tudo no quadro do funcionamento da rede mundial de espionagem revelada por Edward Snowden.

Segundo o Bild, o Estado Maior do contingente alemão no Afeganistão distribuiu em 1 de setembro de 2011 instruções precisas aos comandantes das suas unidades no Norte do país. As instruções estavam contidas num documento enviado ao general Markus Kneip, o comandante das tropas germânicas na região.

Nos termos desse documento, a coordenação da vigilância sobre telefonemas e e-mails no âmbito das operações realizadas pelas tropas alemãs ficou em poder do comandante da NATO no Afeganistão, por ordem do diretor da Agência Nacional de Segurança (NSA), o serviço que centraliza as redes de espionagem a partir de Washington.

Governo de Berlim admite que espionou 500 milhões de comunicações de cidadãos alemãs

Hans-Peter Friedrich, ministro da Defesa alemão, que a revista Der Spiegel qualifica como “ministro da defesa americano” e o diário Taz como “o pateta de serviço”, não confirmou nem desmentiu a autenticidade do documento, acrescentando que não tem “informações nem conhecimentos sobre a ordem correspondente”.

Chamado a explicar-se no Bundestag, o Parlamento alemão, Friedrich defendeu que o direito fundamental à proteção de dados se deve subordinar ao “super direito fundamental” à segurança. Recorrendo à tese usada pela NSA, o ministro afirmou que a espionagem de 500 milhões de comunicações alemãs permitiu evitar atentados. Convidado a identificar esses atentados, nada disse.

Outra tese a que Friedrich recorreu foi a da privatização da proteção de dados. Segundo disse, cabe aos cidadãos cifrarem as suas comunicações e evitarem demasiada exposição da sua privacidade em plataformas como o Facebook. A comunicação social identificou este comportamento do ministro de Merkel como uma manobra de diversão para lançar sobre as vítimas as culpas da espionagem da vida privada dos cidadãos mundiais pelas polícias políticas norte-americanas.

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