Do nosso vimeiro

O resultado das eleiçons deste passado 12 de julho tenhem produzido muitas análises que intentam explicar como é que passou o que passou. O cesto leva muitos vimes e cada um do seu vimeiro, e nom ter em conta alguns destes vimes pode fazer-nos crer que nom os precisamos para o cesto, e ainda fica muito por tecer. As mobilizaçons feministas na Galiza tomárom um forte impulso a princípios deste século. Tiveram como base umha vanguarda que se vinha desenvolvendo numha intensa atividade tanto teórica como de acçom desde finais do século passado. Situar-se ativamente dentro de redes internacionais, e conseguir unha unidade de acçom para focaliza-lo num só movimento reivindicativo com multi-pluralidade de coletivos, associaçons, mulheres em organizaçons mistas, partidos políticos, sindicatos… fixo de efeito multiplicador. O feminismo galego conseguiu irromper neste século como um movimento emancipador e de massas disposto a plantar cara ao patriarcado em cada umha das suas manifestaçons. O feminismo académico na Galiza enraizou nas universidades e as suas produçons nom só enriqueceram o argumentário do movimento, mas também na criaçom de estruturas académicas que ficaram consolidadas no tempo. O feminismo institucional multiplicou experiéncias desde os enxertos no concelho de Vigo, a Secretaria Xeral do bipartito ou a rede de CIM ao longo da geografia galega. Definitivos fôram os liderados, entre outras, de Lidia Senra, Carme Adán e tantas activistas que figeram possível a visibilizaçom e a acumulaçom de forças ao redor dumha agenda feminista, em ámbitos onde a presença de mulheres era, ou moi minoritária ou inexistente. Todo este esforço coletivo desatou as multitudinárias mobilizaçons destes últimos 8 de março, também influídas, em parte, por dinámicas estatais que iam despertando a resposta feministas frente a ameaças de involuçom de direitos ou a realidade do feminicídio. Mesmo o Partido Popular de Núñez Feijoo, independentemente do que se assinava nos despachos, tinha e tem um discurso feminista no armário, e outro galeguista, para datas sinaladas e campanhas eleitorais, discursos que colisionam com outros do mesmo partido segundo a localizaçom geográfica. Discursos que ficam em cueiros quando a mobilizaçom feminista lhe tira a careta como o foi no caso do paritório de Verim. A divisom do BNG no ano 2012 facilitou umha remuda geracional e também mudou os liderados na organizaçom. Cumha ameaça de desapariçom acima, com críticas polo inadequado das suas estruturas e da mensagem para os novos ventos da nova política, as feministas que ficaram na organizaçom tiveram a oportunidade de colocar-se à frente do BNG e dar um golpe de leme à barca ameaçada ante os cantís da irreleváncia política. Estes cámbios nom se deram noutras organizaçons de reivindicaçom ou ámbito nacional galego, mesmo nas de nova criaçom, tampouco nos sindicatos, se excetuamos o caso do Sindicato Labrego Galego, nos médios de comunicaçom ou nas instituiçons nascidas para impulsar a nossa cultura. O BNG irrigou-se de valores e jeitos de fazer do feminismo, abrindo umha nova etapa no nacionalismo galego ao recolher toda a experiéncia acumulada polas suas militantes dentro do movimento. No discurso começaram a mostrar-se câmbios significativos. Galiza deixa de ser definitivamente a nai essencialista cheia de virtudes e entrega ilimitada, que quere ser redimida polos seus filhos; vai pouco a pouco deixando o seu rol de vítima, para passar a identificar-se como sujeito de direito, exercendo a reivindicaçom do direito à igualdade, mostrando-se nem mais nem menos que ninguém, só com a vontade de poder desenvolver-se em liberdade, tomar decisons e andar o próprio caminho, tal e como o feminismo denuncia que lhes é negado às mulheres neste sistema patriarcal, contra o que levam mais de 300 anos combatendo. Nas formas políticas a negociaçom passa a primeiro termo, como ferramenta para conseguir câmbios a curto e médio prazo. Umha negociaçom que precisa do diálogo, do reconhecimento de partes, da intermediaçom e a resoluçom de conflitos de jeito pacífico, tal e como tenhem que ir mudando os alicerces das relaçons humanas baixo o ditado feminista. A agenda política redata-se para melhorar a vida da gente, a economia necessária vai abrindo-se passo, nom sem resisténcias, frente ao produtivismo depredador. O público como garantia de trato em igualdade, o coidado da vida como eixo vertebrador de muitas políticas. Um câmbio de leme que projeta umha nova ideia de organizaçom política: umha ferramenta para garantir a vida, para garantir os coidados. É verdade que outras organizaçons políticas, com os seus liderados, contam com o achegamento de militantes feministas e no seu discurso mantenhem as reivindicaçons dos direitos das mulheres. Mas semelha que nom conseguem, vanguardas à parte, a identificaçom com muitas das mulheres que encheram as ruas do país a rebelar-se contra o feminicídio e a reivindicar a igualdade. Como em toda receita, o perigo nom é tanto a inovaçom como a percentagem exata dos ingredientes necessários. A confiança leva doses de humildade, autenticidade e familiaridade, todo marinado com a autoestima necessária, a própria e a que queres para quem queres. A confiança é querer-lhe bem à gente, é ser boa gente, e traduzir isso a formas e linguagem política vai ligada a um esforço transformador das organizaçons e dos própios liderados. O esforço de parte do povo galego que queria deixar atrás a época e maneiras de Feijoo e o Partido Popular foi insuficiente. Galiza, esgotada em muitos sentidos, tem que seguir a puxar para levar a termo o parto dumha nova realidade. Hai muitas perguntas coletivas que havemos de contestar nos próximos meses. Por exemplo, onde vam as 471.924 pessoas que desapareceram do censo eleitoral nestes últimos quatro anos? Estamos como sociedade em condiçons de garantir unha vida com seguridade e liberdade às mulheres e crianças? O modelo de residéncias assistenciais é o que queremos para a etapa final das nossas vidas? Como podemos parar a sangria de mocidade que vê na emigraçom um destino inquestionável ante a falta de oportunidades no próprio país? Temos o sistema sanitário que precisamos? Que percentagem do PIB galego devém da economia necessária? O nosso território ficará salvo para a vida das vindoiras geraçons? O esforço de parte do povo galego que queria deixar atrás a época e maneiras de Feijoo e o Partido Popular foi insuficiente. Galiza, esgotada em muitos sentidos, tem que seguir a puxar para levar a termo o parto dumha nova realidade. Estamos assistindo a um novo tempo político, que ainda nom tem o correspondente cambio na instituiçom mais importante da Galiza. Um novo tempo onde o povo galego poda abrir definitivamente as portas para desenvolver todas as suas potencialidades para garantir umha vida digna, com a seguridade que dá poder fazê-lo em liberdade e em igualdade. O feminismo leva achegando décadas para este câmbio, criando consciência, sementando a cultura do respeito, da liberdade, reclamando igualdade, demonstrando que nom é aceitável umha relaçom de submetimento, nem das mulheres nem dos povos. Prestar atençom à reacçom por quem se sinta ameaçado ante esta nova realidade fai parte consubstancial do acionar político de agora em adiante. O feminismo afronta umha onda reativa tanto a níveis políticos, judicias ou mesmo em debates internos como se estam a dar neste momento como consequéncia da aplicaçom das teorias Queer a projetos de leis com a sua implicaçom nos direitos de mulheres e da infáncia, que hai que afrontar com a agenda de direitos fundamentais como guia para nom perder-se nas aparéncias dos desejos que nom tenhem em conta, nem questionam as relaçons de poder e submissom que sustentam. Assim, a nova realidade na representaçom política, vai vir associada a umha reacçom, pois mais que nunca vai ser percebida como umha ameaça real, umha possibilidade de cambio. Compre acertar nas análises do que fizeram alcançar estes objetivos para nom errar no caminho e seguir teimando na direçom do navio, com a mam firme no leme, no feminismo e na defesa do país. Nom som todos os vimes, mas fam parte do cesto.