Ugia Pedreira, "No corazón directo da Bretaña"

Desde nena tenho imam polos tolos, os borrachos, os filosofos populares, as meigas e as incomprendidas. Máximas representazons da humanidade na terra. Na casa diziam-me que tinha muitos pássaros na cabeça como se fosse algo mau, ou que mau era ter ilusions, ou tar aboiando, nas pampas e ter maravilhosas aves na cabeza? Logo soubem o que era ser ou querer ser uma alma livre que deve ter olhosmaus para se proteger da competividade sutil, da baixa autoestima ou das-os que tam/tamos por cima de tudo. Com o tempo aprendim que o prémio á paciéncia era a paciéncia e que ninguem tem o absoluto estado da razom, e TODO é subjectivo.

Entom embarcar-se numa furgoneta com Raul Pinheiro era um ejercício de aviazom, paciéncia e abertura de sentidos donde a corrente manda, ordena e delega. Nom esquecerei jamais essa viagem iniciática á saude, á magia é dizer, á musica da vida.
A primeira vez que pissei chao bretom foi grazas a Raul Pinheiro e a sua generosidade e gentileza. 

Horas e horas de viagem por lugares insospeitáveis ás vezes para os próprios indígenas bretons. Um pais mirado desde olhos curiosos, sabedores de conhecimento. Um corpo jà cansado que confiava e creia nos "bardos das idades" e na redenzom, si, a da boa. 

Uma nova dimensom se abriu para mim pois deu-me luz á história da Bretagne em Galiza (e viceversa) . Vento, faros, cruzeiros, filhoas, cantares, amores... 

 "Ele criou espazos, contextos e construeu pontes para dous paises tam ignorantemente próximos. Muitos músicos comerom das suas ideias e aventuras"

Uma semam antes da sua morte pudem compartilhar com ele a minha uniom com este pais na dualidade vida e morte que nos rodeia, pois Tudo e Nada somos. Com aquela conversa pudem devolver-lhe o que aprendim dele. Grazas ás suas argalhadas, sonhos e pequenas revoluzons silenciosas próprias dos seres que gozam de alta sensibilidade promoveu encontros de arte. Ele criou espazos, contextos e construeu pontes para dous paises tam ignorantemente próximos. Muitos músicos comerom das suas ideias e aventuras, com "Raul nunca se sabe" era o lema. Som os tolos-as, os sabios humildes, os conversadores excitantes e os curiosos impertinentes, como os borrachos os que facilmente som juzgados por eses que dim ter sentido comum (normal)...que nunca se arriscam mas correm o risco de ser mortos em vida. Raul disfrutou e viveu plenamente nos caminhos da música. Foi sobrado de amor , ferido e cansado de desbrozar ali donde se abrem cobrantas que sachou á sua maneira. Hà muitas formas de ponher límites, e nom é o mesmo fazer cobrantas que chantar pedreiros ou colocar muros e aramios. 

Desde o meu coraçom desejo-lhe a Artai tantas aventuras boas como tem vivido seu pai e agardo que atope os recunchos de beleza entre Galiza e Bretagne que ele tem gozado.

E equipa de aCentral Folque nom se esquece de tudo o que fixemos juntos e para nós foi uma honor e homenagem em vida abrir com ele o Ciclo de Diarios Sonoros da Cidade da Cultura e com o seu amigo e padrinho de Artai, o grande gaiteiro Patrick Molard. 

-Ugia, alégrome moito de que consigas entrar no corazón directo da Bretaña a través do que tan ben sabes facer... por a pel chea de emocións cando cantas... Non pares, o camiño pode ter curvas, subidas e baixadas pero xa non remata nunha parede de ladrillo... Raul Pinheiro 1 de dezembro do 2012.

-Sei exactamente quanto te alegras e o legado que deixaches nestas terras. 

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