"TORRE DE TREZENZONIO"

As fortificações que ninguém vê

Publicamos, a continuación, unha nova peza histórica, de Alberto Lago, no marco da sección "Torre de Trezenzonio". Nesta ocasión, fala das pontes.

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Imos falar hoje dumas fortificações na Galiza que cumprirão o seu objectivo tão bem que já não se percebem.

A ponte de Pontevedra está numa zona baixa e enlamada, até o ponto de que nos gravados antigos só o caminho sobressai da marisma. Na maré alta queda tam pouco oco nos arcos que malmente pode passar uma barca, e moitas vezes nem isso. Por que se fixo nesse sítio? Por que não onde está a ponte da barca?

Uma comparação coa ponte de Ourense, que é da mesma época,deixa claro que a tecnologia da época era suficiente para o fazer. E não é um caso único, há pontes bem altas no curso médio e alto de bastantes rios aqui e em Astúrias, por não ir moi longe.1

Para nós, o motivo de fazer a ponte dessa maneira é impedir o passo dos barcos polo rio. Queremos dizer que esse efeito não é um defeito da construção. É o objectivo dela.

O que passava antes

Desde o 844 da nossa era até aproximadamente o ano 1100 a nossa terra estivo sujeita a ataques dos nórdicos, ao igual que a Bretanha a Irlanda e o resto de países da fachada Atlântica da Europa. Os vikingos atacaram as nossas rias e o interior, chegando a sitiar Compostela em duas ocasiões, e entrando até o Courel noutra.

A partir de finais do século XII não há mais ataques que chegarem até o interior. Nos séculos escuros é famoso o saqueo de Cangas, que não era uma vila fortificada, polos piratas berberiscos. Mas não é até a toma de Vigo e Pontevedra polos ingleses no 1719 que é tomada uma vila do fundo das rias.E aqui já não estamos a falar de piratas, trata-se duma campanha militar moderna, da que haverá que falar noutra ocasião.

O que cambiou depois do século XII foram as pontes. Nas Rias Baixas é onde melhor se pode ver, ainda que há exemplos por toda a beira-mar.

As pontes

Na ria de Vigo está a ponte de Ponte Sampaio sobre o Verdugo. Aparece citada na História Compostelana, Gelmirez pediu ao conde Raimundo de Borgonha, governador da Galiza em nome do rei Afonso VI,que eliminasse a pontage que se pagava por o passar, e parece que o conde aceitou. Co que já devia de haver uma ponte a começo do século XII.

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Na ria de Ponte Vedra, a ponte do Burgo sobre o rio Lerez. Esta ponte há ser contemporânea da fundação da vila por Fernando II, já que logo do ano 1169 pouco mais ou menos. Na foto antiga fica bem claro o obstáculo para a navegação.4

Na ria de Arousa a ponte de Cesures sobre o Ulla. O foro da vila de Padrão é do ano 1164 e a ponte há ser da mesma época. Também concedido polo rei Fernando II. Moi importante, porque fechava um dos acessos à Compostela e o melhor acesso ao interior pola Ulhoa.5

Na ria de Muros e Noia está a ponte Nafonso sobre o Tambre. Adoita-se considerar que o Afonso do nomeseria o nosso Afonso VIII, filho de Fernando II. Isto dataria a construção entre 1188 e 1230. Não resulta estranho que fosse o último, as dificuldades da construção foram muitas, e tivo que se reconstruir parcialmente no século XIX. A tecnologia da época estava chegando a os seus limites.

Como funcionava

Estas pontes faziam parte dum sistema de fortificações mais amplo. Não é casual que a construção da maior parte deles fosse na mesma época. Parece que nossos reis Fernando II e Afonso VIII mandaram os fazer ao mesmo tempo que as vilas forjicadas da Beira-mar. Cando no 1230 o reino  foi unido á coroa de Castela, deixou de se desenvolver esta política e as vilas da entrada das rias quedaram sem fortificar salvo alguma excepção como Baiona.

6O que fai tão eficazes a essas pontes é o difíceis que são de destruir. E não chega com tomar as pontes há que destruí-las para eliminar o obstáculo.

Os barcos vikingos poderiam passar por debaixo coa maré baixa com tal de quitar o mastro. Mas para voltar teriam que fazer o mesmo. E a única maneira de assegurar o passo seria tomar a ponte côas suas fortificações e defendê-la. Mas isto implica que para passar a ponte de Pontevedra há que tomar a vila de Pontevedra e défende-la e para passar a de Cesures há que tomar Cesures e Padrão. E o mesmo para cada ponte que acharem.

Nestas condições uma expedição de piratas deixa de ser rendível moi rápido.

E o Minho?

Pode parecer raro que o mesmo projecto não se levasse adiante no rio Minho, sendo como é a melhor via para navegar cara ao interior da Galiza. Ao nosso modo de ver há três motivos que o explicam:

•    À primeira: o tamanho da ponte que seria necessária. Para fazer uma ponte das dimensões das outras teria que ser á altura de Rivadavia. Os cartos e esforço que custaria fazer seriam enormes. E já vimos que a ponte Nafonso estava nos limites do que se podia fazer.

•    A segunda é que desde o século XII o Minho era uma fronteira e como tal havia fortificações a um lado e outro. O rei Fernando II tivo que trasladar Tui á sua localização atual desde a beira do rio para a poder defender.

•    A terceira é maiores da anterior: o Minho era uma via comercial desde antigo e, como tal, vigiada. Era mais perigoso que os piratas se colar por onde ninguém os aguardava. Fechar essa via faria mais difícil vender o vinho do Ribeiro aos ingleses.

Em conclusão. Pouca gente que passar polas ditas pontes a dia de hoje pensaria que eram algo mais que uma estrutura de transporte, mas tinham outra função igual de importante. Esta função defensiva não é única das Rias Baixas e noutra ocasião haverá que passar revista as pontes que há noutras partes da beira-mar, e ás que não há.

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