POETA, PINTORA, AUTORA DE LITERATURA ERóTICA, MUSULMANA

Sónia Sultuane, artista moçambicana

Percorrendo os camiños da internet topei con Sónia Sultuane. O encontro non foi casual. Precedíao a leitura dunha recensón de Xosé Lois García sobre o libro No colo da Lua.

Sónia Sultuane
photo_camera Sónia Sultuane


De Sónia Sultane (1971) di Xosé Lois Garcíaque irrompe na poesía mozambicana dunha maneira torrencial no que respecta á innovación estilística e, tamén, a unha incursión soberana no que fai a un rexistro que se alonxa de poéticas anteriores” E poucas máis referencias achei de relación con Galiza dunha unha muller que, ademais da poesía está a anovar as artes plásticas africanas. A non ser, claro, que un seu poema aparece no proxecto, Aló Irmao! o álbum publicado por Narf e por Manecas Costa, onde podemos escoitar o poema Palavras

As palavras que te dou
são o que sou ,
são o que sinto,
e como me sinto,
essas são as minhas palavras: EU.

Nunha entrevista para o programa Nós, da RTP2, na que é presentada como “muçulmana e poetisa” ao tempo que autora de literatura erótica e as posíbeis contradicións que puderen existir entre ser muller musulmana e autora destes textos. “não é porque eu sou muçulmana que eu deixo de ter sentimentos” di nun momento da entrevista. “não é por as mulheres serem muçulmanas que deixam de ter essa parte erótica nelas

Cristina Pereira fíxolle unha entrevista para o número 50 da revista África 21. Publicamos un fragmento no que fala da lingua e do concepto de lusofonía

O que é que as tuas palavras acham do acordo ortográfico?

Acho que devemos dar liberdade a todos para se expressarem da forma que quiserem, inclusive as próprias palavras. Penso que cada um de nós sempre se entendeu da forma que escreveu e que leu. As palavras são os nossos sentimentos. Ainda me sinto muito confortável como estou. É como as mensagens no telemóvel, com o texto muito cortado. É um outro sentir, porque os jovens revêem-se naquele tipo de linguagem, identificam-se com aquele sentir. Eu identifico-me com o meu sentir, não quero roubar às palavras o valor que eu lhes dou. Para mim as palavras têm um poder muito grande. É como se estivéssemos a escrever com erros. Parece que estamos ali a roubar qualquer coisa ao poder, à força que as palavras têm.

Achas que a lusofonia é uma realidade ou uma fantasia política?

No meio artístico, penso que não é uma fantasia. Tem sido benéfico, tem aberto portas a muitos artistas. Têm se feito coisas muito interessantes a nível dos países. A nível político, parece-me que é um faz de conta. É para justificar alguns gabinetes, algumas coisas. Parece-me que, artisticamente, há muito mais empenho para que esse projecto se mantenha vivo e unido. Fora disso, não sei bem.

Do ponto de vista cultural, é uma forma de identidade, de aproximação?

Sim. A língua é algo mágico. Estás numa sala com 200 pessoas e basta estar uma que fale a mesma língua que tu, para te juntares logo àquela pessoa. Os teus sentimentos, a tua expressão, fluem mais facilmente. Depois há outra coisa: nós de expressão portuguesa gostamos muito de falar com os gestos, de tocar e agarrar. Temos a linguagem corporal muito mais forte e intensa do que outros países. Mas penso que esse projecto [da lusofonia] só é bonito e só tem o devido valor se cada um de nós conseguir manter a sua identidade.

A entrevista completa pode lerse en Buala.org

 

 

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