Maior queda do PIB em Portugal desde 1976, como resultado das políticas da Troika

Produto Interno Bruto de Portugal caiu 3,2% em 2012, puxado para baixo pela queda do consumo interno, ao mesmo tempo que as exportações desaceleravam.
Passos Coelho
photo_camera Passos Coelho, á dereita

O Produto Interno Bruto de Portugal caiu 3,2% no ano de 2012, o maior trambolhão desde 1975 e o 2º maior da história, informou o Instituto Nacional de Estatística. O INE fechou as contas do ano com os dados do 4º trimestre, que registou, em volume, uma diminuição de 3,8% em termos homólogos. Recorde-se que a queda do PIB em 2011 foi de 1,6%.

A brutal recessão de 2012 deveu-se à desaceleração nas exportações e à quebra mais acentuada no consumo. O valor do PIB em 2012 foi de 165,4 mil milhões de euros.

Exportações perdem impulso

As exportações, a principal estratégia económica do governo, continuaram no ano passado a ser a única componente do PIB em alta, mas agora a um ritmo bem menor do que no ano passado, refletindo o abrandamento da economia mundial, principalmente nas regiões para as quais Portugal mais exporta, as da União Europeia. As vendas de bens e serviços para o exterior cresceram 3,3% no ano passado, menos de metade da taxa de crescimento verificada em 2011 (7,2%). Em 2010 as exportações tinham aumentado mais de 10%.

Quebra na procura interna

O que acentuou a recessão, porém, foi a quebra da procura interna, que registou em 2012 uma contração de 6,8%, mais um ponto percentual do que em 2011. Neste índice negativo pesou sobretudo a descida de 5,6% nos gastos das famílias portuguesas, pior do que a de 2011 (3,8%), que se explica, obviamente, pelas medidas de austeridade – aumento da carga fiscal das famílias, quebra de salários, forte subida no desemprego que fizeram o consumo cair em flecha.

Os portugueses cortaram no consumo de bens não duradouros (-3,9%, contra -2,1% em 2011), mas sobretudo na aquisição de bens de duração mais longa, onde a quebra nas despesas foi de 23%.

O investimento continua a ter uma queda acentuada, recuando 13,7% 2012 (-13,8% em 2011).

Bloco diz que é a confirmação do desastre

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda considerou que os dados do INE são a confirmação do desastre.

Pedro Filipe Soares sublinhou que "o país em 2012 encolheu, naquilo que é a riqueza nacional, cinco mil milhões de euros", e acrescentou: "Um governo que nos diz que tem mais cortes na manga, mais quatro mil milhões de euros para cortar, é um governo que não percebe o que está a acontecer ao país".

Para o deputado do Bloco, "querer empobrecer ainda mais é inaceitável" e que o governo devia reconhecer que este caminho não tem saída e tem de ser alterado, deixando "de uma vez por todas de lado o dogma da austeridade".

Artigo tirado de Esquerda.Net

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